O Paramore realizou hoje, na Rod Laver Arena (Melbourne, Austrália), o último show do ano, que encerra oficialmente as obrigações contratuais da banda com a gravadora Atlantic Records, antiga gravadora ‘mãe’ da Fueled By Ramen – selo de distribuição que foi comprado pela 3EE.

De acordo com entrevistas passadas, a banda seguirá de forma independente, sem o controle de nenhuma gravadora, por meio de autogestão.

O contrato da banda com a Atlantic foi assinado em 2004, quando Hayley ainda tinha 16 anos de idade e Zac tinha 14. Taylor se juntou à banda em 2007, 3 anos depois, como membro de turnê, e foi oficializado em 2009.

Em entrevista para a Billboard, de janeiro de 2023, os diretores da gravadora e da banda revelaram detalhes sobre o contrato, que foi duramente criticado por Josh Farro em 2010, após sua saída da banda. O guitarrista alegou que o contrato favorecia somente Hayley, informação que é negada:

O relacionamento do Paramore com a Atlantic começou em 2004, quando Hayley conheceu a diretora executiva Julie Greenwald, uma recente chegada da Island Def Jam, e assinou com a gravadora. Apesar de originalmente contratada como artista solo, Williams tinha uma ideia diferente para o futuro.

“Eu saí da conversa entendendo o quão importante uma banda era para ela,” diz Greenwald, agora CEO da Atlantic Music Group. “O projeto não foi inicialmente apresentado assim para o pessoal da A&R, mas depois que me encontrei com ela, ah sim, definitivamente ficou super claro qual era o caminho.”

A primeira iteração do Paramore — Williams, irmãos Zac e Josh Farro, e o baixista Jeremy Davis — foi formada no mesmo ano, e Greenwald achou que a gravadora alternativa Fueled By Ramen (um selo antes dirigido por John Janick, casa de grupos como Fall Out Boy e The Academy Is…) seria um bom encaixe para a rockeira e a banda. “Essa garota não deveria ser marketada como uma garota do pop. Ela é definitivamente do rock,” Greenwald lembra de pensar. “E as demos foram extraordinárias: ela tinha uma voz inacreditável, mas ela definitivamente já tinha um ponto de vista ainda muito nova, e isso foi super animador.”

“Nunca seria somente a Hayley. Sempre foi sobre a banda”, confirma Mark Mercado, que gerencia a banda desde 2004.

Por todas as polêmicas geradas pelo contrato, Hayley disse, em entrevistas, estar feliz por finalmente finalizar esse capítulo da história da banda. 

Para a DIY Mag:

A maneira como sempre me senti, especialmente quando adolescente e com vinte e poucos anos, [foi] que as pessoas tentavam tornar meu personagem um vilão na banda, sendo que estávamos apenas passando por coisas da vida real em uma arena pública. Acho que enquanto estávamos escrevendo [Thick Skull] e aquelas letras, eu pensei, ‘O que teria acontecido se eu tivesse dito, ‘Sim, tudo o que você está dizendo ou que foi falado – toda essa narrativa – é verdade?” “O segundo verso é muito mais extremo e exagerado sobre o que as pessoas vão dizer sobre as pessoas não estarem mais na banda. Que sendo uma parte tão real e pessoal de nossa jornada e amizades – rompimentos de amizade, essas coisas que foram realmente difíceis para nós – as pessoas banalizam isso porque dá uma ótima manchete. Então, decidi entrar totalmente nisso e dizer: ‘Sim, eu sei onde os corpos estão enterrados e é minha culpa’”, ela sorri, “e incorporei isso para ver por que sempre tive tanto medo das pessoas dizendo essas coisas sobre mim, para tentar recuperar o poder. E isso também, ela admite, fornece uma espécie de conclusão mental para a banda. É interessante que acabou sendo a última música deste álbum, o que também é um grande marco para nós porque é o último álbum desta temporada e o contrato que temos [com a Atlantic Records]. Todas essas coisas parecem o culminar de algo. Não sei bem o quê, mas foi bom poder deixar esses pensamentos de lado, porque sempre tive muito medo do que as pessoas diziam sobre mim no contexto do Paramore, e não sei por quê. Eu sei que essas coisas não são verdadeiras e na verdade não nos definem.”

Para a The Line of Best Fit:

A última música do álbum reflete minhas maiores inseguranças ao longo de nossa carreira. A merda que as pessoas projetaram em mim todos esses anos: dizendo que a banda é fabricada ou que estou usando meus amigos para meus avanços pessoais na carreira… Decidi falar diretamente sobre esses medos, até mesmo cedendo aos pessimistas. Sendo este o último álbum desta era da nossa carreira como parte do mesmo contrato que assinei na adolescência, só quero deixar aqui todos esses medos e tretas. Não vou mais levar isso comigo.

O contrato do Paramore é conhecido por ser um ‘contrato histórico‘, por ter sido o primeiro contrato nos moldes 360, em que a gravadora recebe royalties por todas as atividades da banda, ou seja, por todos os tipos de lucros recebidos por ela – seja com streams, merch, shows, ou um simples pagamento por divulgação de um produto. Esse tipo de contrato foi replicado posteriormente para diversos outras bandas e criticado por artistas como Mac DeMarco, que também decidiu seguir carreira independente, chamando o contrato de “predatório”.

Em entrevista recente, para a Coup de Main, Hayley revelou estar empolgada com a nova era da banda:

Há certas coisas sobre nossa carreira que parecem completas, que parecem quase como se estivéssemos passando por nosso próprio Retorno de Saturno como banda. Está um pouco cedo para esse retorno, acho que deveríamos ter mais sete anos ou algo assim [até que isso acontecesse], mas ao mesmo tempo, há mais abertura e talvez mais possibilidade do que nunca para as coisas continuarem e irem em direções que talvez nem saibamos agora. Vamos encerrar o contrato que foi assinado e que essencialmente fez do Paramore nosso trabalho e nosso sustento – isso vai ser concluído este ano e há muitas coisas sobre isso que parecem realmente, realmente empolgantes. Toda vez que você inicia um projeto, não necessariamente começa para terminar, mas quer ver algo se concretizar e sentir que alcançou isso ou superou. Vamos saber qual é a sensação disso até o final da turnê pela Austrália. É aí que começa a parecer: ‘Conseguimos completar isso?’ Mas acho que em nossos corações, sabemos que há muito mais para percorrer e mais para experimentar e descobrir sobre que tipo de–

CDM: É um novo livro.

HAYLEY: Sim, é um livro totalmente novo, e isso é realmente empolgante.

Também em entrevista para a Consequence:

Eu e os meninos estamos no fim do contrato que tivemos por 20 anos, e é como se as portas estivessem abertas de novo, quase como quando começamos, e como podemos redefinir a alegria na banda? Eu me sinto como se tipo, uau, podemos fazer isso pelo tempo que quisermos, e existem muitas possibilidades.

E aí, o que vocês acham que vem por aí?
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