Em uma longa entrevista à revista Billboard, o Paramore relembrou o início da formação da banda, trazendo à conversa seus agentes e diretores executivos, que dão seu ponto de vista sobre o grupo, além de refletir sobre os conflitos — agora internos, ao contrário do que acontecia em álbuns anteriores — presentes nas letras das músicas do álbum ‘This Is Why’, bem como as ansiedades futuras da banda, que promete lançar mais álbuns após o encerramento de contrato com a atual gravadora, Atlantic Records. 

Confira a tradução, na íntegra:

Era uma pausa, não um término. Mas vendo a forma como os gritantes fãs — desde adolescentes até pessoas chegando ao auge da meia idade — reagiram ao ver a vocalista Hayley Williams, o guitarrista Taylor York e o baterista Zac Farro no show esgotado no Beacon Threatre, você acharia que o Paramore havia acabado de voltar dos mortos.

“É engraçado — todo mundo sempre pensa que a banda acabou,” Williams diz. Estamos em uma semana antes de 13 de novembro, show em Beacon, e os membros da banda pop-punk estão sentados em cadeiras vintage em uma casa antiga no Sunset Park, Brooklyn, em uma tarde ensolarada. “É sempre tipo, ‘Será que eles vão voltar mesmo ou não?'”

“Adoramos manter o suspense.”, Farro solta.

“É surpreendente para nós toda vez.”, adiciona York.

“Nesse ponto, eu nem sei mais como ainda estamos fazendo isso,” Williams diz. “Parece que estamos lutando contra a sorte toda vez — sinceramente, acho que somos a banda mais irritante do mundo, porque estamos sempre tipo, ‘Superamos isso, e agora vamos fazer um álbum.'”

Williams, 34; Farro, 32; e York, 33, se conheceram quando crianças com ambições musicais e raízes cristãs em Franklin, Tenn. Pelas próximas duas décadas, com o nome de Paramore, eles lançaram cinco álbuns e sobreviveram a dramas internos, com mudanças de membros e processos judiciais, mudanças que poderiam ter sido uma declaração de morte. Mas o sexto álbum do grupo, This Is Why — um pesado rolo compressor pós-punk lotado por ansiedades causadas por uma pandemia, programado para lançamento em 10 de fevereiro — marca a primeira vez que os membros foram consistentes entre dois álbuns, assim como o fim do contrato com a Atlantic Records, a única gravadora que a banda já conheceu.

“É surreal”, York diz.

“Temos sido muito sortudos,” diz Williams. “Sempre teremos queixas — é uma indústria — mas sabemos que temos sido sortudos. É mais do que o fato de que é hora de terminarmos algo. E é a hora de saber que não estamos mais fazendo a mesma merda que fazemos desde adolescentes. Será bom começar um novo livro. Sabe, não é mais um capítulo do livro antigo. É um livro todo novo. Estou animada.”

O relacionamento do Paramore com a Atlantic começou em 2004, quando Hayley conheceu a diretora executiva Julie Greenwald, uma recente chegada da Island Def Jam, e assinou com a gravadora. Apesar de originalmente contratada como artista solo, Williams tinha uma ideia diferente para o futuro.

“Eu saí da conversa entendendo o quão importante uma banda era para ela,” diz Greenwald, agora CEO da Atlantic Music Group. “O projeto não foi inicialmente apresentado assim para o pessoal da A&R, mas depois que me encontrei com ela, ah sim, definitivamente ficou super claro qual era o caminho.”

A primeira iteração do Paramore — Williams, irmãos Zac e Josh Farro, e o baixista Jeremy Davis — foi formada no mesmo ano, e Greenwald achou que a gravadora alternativa Fueled By Ramen (um selo antes dirigido por John Janick, casa de grupos como Fall Out Boy e The Academy Is…) seria um bom encaixe para a rockeira e a banda. “Essa garota não deveria ser marketada como uma garota do pop. Ela é definitivamente do rock,” Greenwald lembra de pensar. “E as demos foram extraordinárias: ela tinha uma voz inacreditável, mas ela definitivamente já tinha um ponto de vista ainda muito nova, e isso foi super animador.”

“Nunca seria somente a Hayley. Sempre foi sobre a banda”, confirma Mark Mercado, que gerencia a banda desde 2004. A Fueled By Ramen lançou a estreia pop-punk do Paramore, All We Know Is Falling, em 2005, e mesmo nesse começo nascente, a banda já estava vendo membros saírem e entrarem. (York estava envolvido desde o primeiro dia, mas só se tornou membro oficial em 2009.).

A fama do Paramore explodiu com o segundo álbum, o carregado Riot!, agora um vencedor três vezes platina com uma casa permanente no canon do pop-rock dos anos 2000. O lançamento de 2007 fez com que a banda viajasse pelos lineups cheios de bandas masculinas da Vans Warped Tour, sendo movida para o palco principal dois anos depois de tomar conta do palco feminino do festival, o Shiragirl Stage. Em 2008, a banda já era tão grande que, quando um esperado filme de nome Crepúsculo, adaptado dos livros de Stephenie Meyer, precisava de uma música original, o Paramore recebeu uma ligação e contribuiu com Decode, que garantiu a Williams, Josh e York uma nominação ao Grammy em 2009.

Apesar do sucesso, o grupo não pôde evitar as quase constantes mudanças em seus membros, enquanto cresciam aos olhos públicos, trabalhando — ou não trabalhando — em suas diferenças enquanto navegavam pela fama e por uma jovem vida adulta. “Não tínhamos uma perspectiva de escolhermos estar ali,” diz Farro. “Ficávamos tipo, ‘Por que estamos tocando em Boston mesmo?’. Tínhamos 14 anos. Eu literalmente estava no palco e pensando, ‘Mal posso esperar pra sair daqui e comer no Taco Bell.'”

“Ou tínhamos que fazer a lição da escola depois que sair do palco,” Williams diz.

Farro e seu irmão mais velho tiveram uma saída amarga e high-profile em 2010, que Josh detalhou em um post de blog, citando o acordo da banda com a gravadora e a falta de valores compartilhados, mas em 2016, Williams e York, os membros que ficaram, pediram a Zac Farro para voltar e tocar bateria no quinto álbum do Paramore, After Laughter. Em estúdio, tudo clicou na hora.

“Foi algo muito novo porque eu estava acostumado a estar na banda com meu irmão quando éramos mais novos,” fiz Farro. “Havia uma liberdade em finalmente estarmos só nós três, e muita aceitação em sermos pessoas reais.”

Esse sentimento foi carregado para o After Laughter. Enquanto a banda abraçava um estilo synth-pop, as letras de Williams revelavam suas dificuldades com a depressão e a ansiedade em meio à dissolução de seu casamento com Chad Gilbert, do New Found Glory. Um ano depois do lançamento do After Laughter, enquanto finalizavam uma turnê mundial, o grupo escolheu a honestidade novamente, e admitiu a si mesmo que precisava de um tempo.

“Eles me sentaram e disseram, ‘Vamos dar uma pausa, mas dessa vez, vamos dar uma pausa porque nós queremos’. Foi um bom momento para eles.”, diz Mercado.

“Acho que em momentos diferentes da era After Laugher, para mim, depois do meu divórcio, e para o Taylor, com algumas coisas acontecendo na família dele — tivemos momentos de, ‘Realmente precisamos de um momento, respirar,” diz Williams. “Mas a parte mais maluca da pausa foi que tivemos que agenciar bem essa escolha. Realmente sabíamos que era algo que estávamos fazendo para preservar algo.” Em vez de ser um sinal de alerta de conflitos internos, “foi mais tipo, ‘Precisamos experenciar sermos adultos em casa [em Nashville] e termos rotinas e um tipo de normalidade que não é normal para nós.”

O Paramore encerrou a turnê do AL em setembro, em 2018, e descansou um pouco — bem, pouco mesmo. Farro lançou um novo álbum por seu projeto solo, HalfNoise, enquanto Williams lançou seu primeiro álbum solo, o Petals For Armor, produzido por York, com a presença de Farro na bateria para duas faixas, em maio de 2020. “Simmer”, o primeiro single do álbum, chegou em janeiro de 2020, e no dia 5 de março, Williams anunciou sua primeira turnê solo. “Ela não estava animada para a parte das turnês, mas acabamos esgotando os shows e essa coisa toda,” diz Mercado. “Então, quando chegou a pandemia, ficamos tipo, ‘Bom, no fim, parece que você não vai fazer a turnê.'”

Em vez disso, os membros do Paramore passaram a primavera de 2020 como muitas pessoas: eles viam apenas poucos familiares e amigos, caminhavam bastante, faziam terapia por Zoom, marcharam por justiça racial e tiveram conversas pesadas sobre a situação do mundo.

“Foi bom saber que todo mundo no mundo estava fazendo a mesma coisa, ou seja, nada,” diz Farro. “Eu tenho muito medo de perder coisas, então eu não sentia mais isso porque eu estava fazendo o que todo mundo estava fazendo. Foi tipo uma conexão.”

“Eu sinto o oposto,” diz Williams. “Eu quero estar em casa o tempo todo.” Seu lar foi uma “pequena, doce casa pós-divórcio”, que Farro chama de Batcaverna, devido a uma terrível infestação de morcegos com a qual Williams teve que lidar depois de se mudar. Entre ter sua mãe em casa para tomar um chá e passear com seu goldendoodle, Alf, Williams começou a pensar em novas músicas para o Paramore.

As conversas sobre encerrar a pausa do Paramore começaram em 2021. “Eu estava falando sobre isso no meu quintal,” Farro lembra.

“Você lembra dessa conversa. Eu não lembro de nada,” York admite.

“Taylor e eu compramos uma piscina inflável,” Farro continua. “Sempre temos conversas sérias nessa piscina, no meu quintal.”

Como Farro lembra, York trouxe o assunto mencionando que Williams estava pensando em escrever músicas para o Paramore de novo. (Em setembro, York e Williams confirmaram que estão namorando, apesar de não terem falado sobre o relacionamento desde então.) “Você meio que foi o mediador tentando entender o que todo mundo estava pensando. E eu fiquei tipo, ‘Eu nem gosto mais de vocês,’ ele brinca, fazendo os companheiros de banda rirem. “Não, fiquei tipo, ‘Sim, como seria isso?'”.

Williams, Farro e York alugaram um estúdio em Nashville em junho de 2021, e apesar de ter sido intimidador tocar juntos novamente, fazer um novo álbum foi “sempre a intenção”, diz York.

Começar o processo foi especialmente desafiador para Farro, que havia co-escrito algumas músicas do Paramore, mas nunca havia sido um compositor primário. “Eu fiquei tipo, ‘Eu não sei. Vocês já têm um sistema de vocês; vocês criaram um álbum inteiro.’ E Taylor, especialmente sobre a escrita das músicas, disse ‘Cara, venha e me ajude. Eu amaria ter uma ajuda.'”

A banda escreveu a faixa que encerra o álbum, Thick Skull, uma despedida sônica do After Laughter, no primeiro dia. “Tinha algumas camadas de diferentes eras nossas enquanto fãs de música, com momentos mais pesados, meio dronísticos, com um pé no shoegaze,” diz Williams, citando os padrões de guitarra conflitantes de York, a trovejante bateria de Farro, e seu próprio e raro piano, que toca na música. “Eu pensei tipo, ‘Cara, esse é o som de uma banda que eu iria amar’.”

A primeira música lançada do álbum — o frenético single que dá nome a ele, lançado em setembro — foi a última, mas que providenciou à banda a tese do projeto. “O “this” (isso) que cantamos, eu acho, sintetiza tudo o que falamos no álbum,” diz Williams sobre os tópicos de This Is Why, que vão desde homens que não são responsabilizados por suas ações (“Big Man Little Dignity”) até as péssimas notícias da pandemia. O som exterior, em junção com a privacidade da banda, redescoberta durante a pausa, tornou difícil para que eles voltassem aos holofotes. Como Williams canta, “É por isso que não saio de casa!”

“Está em desacordo com o que amamos fazer”, diz ela. “E eu acho que todos esses pensamentos girando na minha cabeça são sobre o que é o ‘isso’.”

Williams também virou as câmeras para dentro na post-punk C’est Comme Ça, na qual fala em uma voz sem afeto, “Em apenas um ano, eu envelheci 100/Minha vida social, uma visita ao quiroprata”, confessando depois, “Melhorar é entediante.”

“É muito difícil quando você está nesse caminho — tipo, você está fazendo terapia, ou começando a tomar um medicamento, ou você acabou de se livrar de relações tóxicas, e está tentando estabelecer limites,” ela diz. “Mas se você é — eu tenho estresse pós-traumático — viciado em uma narrativa de sobrevivência, em determinado ponto, quando as coisas estão saudáveis, é devastadoramente entediante. E você se sente tipo, ‘Parte de mim nunca vai ter relacionamentos saudáveis porque parte de mim sempre está procurando por uma sombra, ou pela coisa que vai dar errado.’ Não há paz nunca.”

O Paramore já mergulhou em relacionamentos, dinâmica social e saúde mental em suas letras antes, mas o novo álbum adiciona uma inclinação decididamente política. “Tudo é político, ou é politizado em um grau que talvez não seja justo, ou apenas inerentemente político,” Williams observa. “Mesmo que eu tenha tentado não dizer uma palavra sobre nada político no álbum, eu acho que estava no DNA dele. Estava em todas as nossas conversas.”

Apesar das promissoras sessões de estúdio, a ansiedade ainda rastejava. “Eu fiquei tipo, ‘O que as pessoas querem de nós? O que eles esperam?’, diz Williams. Nos anos desde o início do intervalo do trio, o pop-punk fez um retorno surpreendente ao mainstream, com artistas antigos e novos participando do ressurgimento. My Chemical Romance anunciou um show de reunião em 2019 e uma turnê completa em 2020, que foi adiada para 2022 devido à pandemia. Até então, até mesmo os antepassados ​​do gênero, do Blink-182, anunciaram um retorno à estrada em sua formação mais conhecida, e os números de streaming do Paramore continuaram a subir, como vinham desde 2020.

Os números de streaming continuaram a aumentar em 2021, especialmente na época em que os usuários do TikTok começaram a criar mashups de “good 4 u”, de Olivia Rodrigo, que chegou ao topo da Billboard Hot 100 – um retrocesso notável ao pop-punk do Paramore e ao hit de 2007 Misery Business, lançado quando Rodrigo tinha 4 anos de idade. (As inegáveis similaridades garantiram ao Paramore créditos de composição no hit de Rodrigo.)

O Paramore tem sido um grampo perene nas paradas de rock e alternativas, mas a banda nunca alcançou o padrão pop de dominação, apenas quebrando o Top 10 do Hot 100 uma vez, com o vencedor do Grammy “Ain’t It Fun”, que chegou a número 10 em 2014. Misery Business pegou a posição no. 26 em 2008, tornando-se a quarta maior exibição do grupo na parada de 11 aparições no total, até o momento.

Williams escreveu “Misery Business” quando era adolescente, e antes de tocar a faixa vingativa no último show do Paramore em 2018, ela anunciou que seria “a última vez em muito tempo” que a banda a apresentaria. (Seu conteúdo lírico, colocando mulher contra mulher pelo afeto de um homem, não envelheceu bem.) Mas com interesse renovado na música (e sua influente mistura de emo e pop-punk) de ouvintes mais jovens, Williams a restabeleceu em 2022, tocando uma versão acústica ao lado de Billie Eilish no Coachella. “Misery Business” também entrou nas setlists de outono da banda, embora Williams a tenha apresentado no Beacon com um aviso: “Esta música é sobre misoginia”.

A ressurreição da música, assim como a do pop-punk, surpreendeu o grupo. “Tem toda essa merda acontecendo no TikTok com nossas músicas e jovens artistas que estão meio que reivindicando [cultura emo e pop-punk], e há esse ressurgimento de emo ou o que quer que seja – o que também é outra conversa estranha porque nós nunca sentimos que nos encaixamos em qualquer lugar ”, diz Williams. “Mas então essa coisa estava acontecendo e nós fazíamos parte do pacote.

“De repente, eles queriam que nós fizéssemos parte da cena,” diz Farro.

“Sim,” diz Williams, “de repente, eles queriam nos tratar como uma conquista.”

Para os primeiros shows da banda em quatro anos, seu agente, Ken Fermaglich, reservou uma combinação de locais íntimos e festivais, permitindo que a banda “tirasse as teias de aranha e meio que voltasse devagar à estrada”, diz Fermaglich. Sabendo que o álbum não sairia até fevereiro, e que o grupo anunciaria mais tarde uma turnê de arena, a equipe “tinha que estar ciente do fato de que não queríamos fazer muito e tocar em lugares grandes e cedo demais. ”

Um dos maiores shows de outono do Paramore foi o When We Were Young, o festival de Las Vegas realizado em dois fins de semana em outubro que tratou os fãs de emo e pop-punk com uma programação da realeza da Warped Tour, incluindo My Chemical Romance, Jimmy Eat World e The Used. A venda imediata do evento levou os promotores a adicionarem mais dois dias idênticos e serviu como outro sinal do novo e crescente público do pop-punk – e da paixão contínua do público existente. Mas os membros do Paramore tinham sentimentos confusos sobre retornar àquela cena.

“Todo mundo está apenas tentando se lembrar de dias melhores, e eu fico sentado pensando: ‘Eles não eram muito melhores'”, diz Williams. Ela articulou esses pensamentos durante o set do When We Were Young, dizendo à multidão que a cena nem sempre foi um lugar seguro “se você fosse diferente, se você fosse uma mulher jovem, se você fosse uma pessoa de cor, se você fosse gay. E é realmente fodido se você pensar sobre isso porque este deveria ser o lugar seguro, não é?”

“Não queremos ser uma banda nostálgica”, diz Williams hoje, refletindo sobre esse discurso. “Mas acho que o que senti foi um misto de vingança e também muita raiva. Fiquei realmente surpresa por ter tanta raiva crescendo em mim, porque pensei: ‘Espere um minuto. Eles estão nos tratando como um prêmio agora’, mas tipo, Fat Mike [do NOFX] costumava dizer às pessoas que eu estava dando beijo grego no palco quando tinha 19 anos. Eu não acho que isso seja punk. Não acho que essa seja a essência do punk. E sinto fortemente que, sem mulheres jovens, pessoas de cor e também a comunidade queer, acho que ainda estaríamos onde estávamos antes. Parecia uma justificativa poder ter o microfone e ser uma das últimas bandas a tocar”, continua ela. “Nós saímos com o My Chem alguns minutos antes de tocarmos no último fim de semana, e acho que eles se sentem da mesma forma. E o que acontece é que os fãs são os únicos com o poder porque, caso contrário, nós e My Chem não estaríamos liderando isso. E isso eu acho lindo.”

“É como se as pessoas nos vissem como O Diário da Princesa,” explica Farro. “Eles não viam nossa beleza antes, mas aí tiramos os óculos.”

No meio do show no Beacon Theatre, Williams percebe que ela dançou tanto no palco que agora ela se sente distante do resto do Paramore. Repentinamente envergonhada, ela arrasta o pedestal do microfone para trás, dizendo ao público que ela deve retornar ao “espaço seguro”, mais perto de seus companheiros de banda.

Embora Williams ainda seja claramente a vocalista, o Paramore continua sendo um projeto de grupo. O alto nível de conforto entre sua formação atual é evidente, quer alguém tenha passado uma hora ou anos com a banda – o humor de Farro, o foco tranquilo de York e as habilidades de liderança de Williams mantêm um equilíbrio que deixa os três à vontade, quer estejam discutindo um tumultuada passado ou o futuro aberto.

Isso é verdade no palco e no estúdio também. O auge do pop-punk de meados dos anos 2000 pode não ser uma época que o Paramore goste de revisitar, mas a banda se orgulha de seu catálogo antigo, tocando músicas de todos os cinco álbuns lançados anteriormente em sua turnê de outono, para o deleite dos fãs. Ainda assim, Williams, York e Farro estão prontos para seguir em frente, como sempre fizeram em seus discos por quase duas décadas, cercados por pessoas em quem confiam.

“Quando você ouve o Riot!, e até mesmo o Brand New Eyes, você sente um gostinho”, diz Williams. “E é realmente pelo que nos tornamos conhecidos, certo? Mas quando escrevemos coisas que simplesmente parecem iguais, ficamos tão entediados. E não é desafiador o suficiente. E não sentimos que crescemos.” This Is Why é o mais recente reflexo dessa busca por crescimento, tanto sonora quanto emocionalmente, já que a banda que sempre pareceu em fluxo finalmente parece estabelecida.

“O que vejo é que os três juntos são realmente os melhores que já foram”, diz Mercado. “Eles realmente tomam decisões conjuntas. Eles realmente se ouvem.”

Brendan Yates, vocalista de uma banda de hardcore de Baltimore, Turnstile, testemunhou a química da banda em primeira mão quando dirigiu o videoclipe de This Is Why. “É muito legal ver uma banda que você ama e respeita tanto ser extremamente pé no chão, e também muito em contato consigo mesma e em contato com o que estão fazendo, e que eles se preocupam com isso”, diz ele.

Fã da banda desde a adolescência — Brand New Eyes, de 2009, e “Ain’t It Fun”, de 2013 (“Essa é uma das melhores músicas de todos os tempos!”) são seu álbum e música favoritos do Paramore, respectivamente — Yates elogia a capacidade de evolução do grupo. “Eles realmente progridem, amadurecem e se desenvolvem ao longo de cada álbum”, diz ele. “Eles fazem um ótimo trabalho em fazer a música refletir seu crescimento como pessoas. Uma grande banda é aquela que demonstra que pode fazer música com muita confiança, e refletir o tempo em que eles está. Estou animado para ver este novo álbum fazer isso por eles nessa nova era do Paramore.”

Fãs novos e antigos poderão experimentar a nova visão do Paramore este ano, nas datas da banda na Europa e América do Norte e do Sul. Além das principais arenas em 29 cidades dos EUA, eles liderarão festivais, e abrirão a Eras Tour de Taylor Swift, em seu show inicial de março, no Arizona.

“Quando tínhamos 19 anos, [Swift] me disse – ela era uma cantora country naquela época – que queria ser como Carole King”, lembra Williams. “E eu fiquei tipo, ‘Uau, isso é uma coisa louca de se dizer’, sabe? Porque éramos crianças. E maldição, essa mulher, ela está cruzando gêneros e sangrando em outros aspectos da cultura pop, e ela está ajudando a moldá-la, no mínimo. Abrir para ela agora é realmente enorme. É um grande negócio que nunca nem pensamos, sabe? Então, estou feliz. Mal podemos esperar.

“Ter o Paramore se juntando a mim na turnê é uma honra”, diz Swift. “Nós nascemos lado a lado como adolescentes de Nashville escrevendo nossa própria música, então é incrivelmente especial começar a turnê juntos quase duas décadas depois. Só me lembro de estar constantemente chocada e inspirada por sua escrita, originalidade e integridade artística. Hayley é uma artista tão fascinante porque ela é tão multifacetada, ousada, divertida, feroz e completamente no comando. É um sonho realizado unir forças assim.”

Por mais empolgados que estejam para voltar à estrada a partir de fevereiro e lançar novas músicas, “é assustador”, diz Williams. “Você sabe que está fazendo o que acha certo porque está apenas seguindo sua paixão ou seu instinto, mas também nunca sabe onde acertar. Temos sorte de nunca termos confiado em ser um tipo específico de sucesso, seja nas paradas ou no rádio. Porque, no final das contas, há uma conexão e um relacionamento com as pessoas que cresceram apoiando e amando a banda conosco. Então, nós confiamos nisso.”

“Eles são os maiores que já foram e agora são pessoas livres, algo que vale a pena, principalmente depois desse recorde”, diz Mercado. “Eu disse a eles outro dia: ‘Acho que vocês são apenas uma grande força. Eu não posso parar isso. As pessoas não podem parar. Companheiros de banda não podem parar essa força. Vocês são apenas uma força, e têm uma mensagem e uma base de fãs que acredita no que vocês estão fazendo. E isso é tudo que vocês precisam.’ E é legal ver isso 18 anos depois.”

E qualquer um que esteja se perguntando o que esse novo auto-agenciamento gratuito significa, pode ficar tranquilo: embora a banda não esteja recebendo ofertas de outras gravadoras no momento, o Paramore planeja continuar fazendo música.

“Agentes livres,” diz Farro. “Esse é o título do nosso próximo álbum.”

“Zac fica dizendo isso desde que estamos em estúdio,” Williams adiciona, ‘Essa é nossa temporada da não resistência.”

Tradução: Larissa Stocco, Paramore Brasil. 

Paramore Brasil
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