Hayley Williams conversou com o site USA TODAY no mês passado, por telefone, e destrinchou um pouco mais sua estreia solo com o ‘Petals for Armor‘, além de revelar sua rotina, terapia e o que está por vir com Paramore.

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Confira mais uma entrevista traduzida:

Hayley Williams está apenas tentando aproveitar ao máximo a sua quarentena. Mas como a maioria de nós sabemos, isso raramente acontece como planejado.

“Eu quero poder fazer uma entrevista e ser tipo, ‘Sim, eu estou lendo todos esses romances fabulosos”, diz Williams com uma risada auto-depreciativa. Ao invés disso, muito do seu tempo isolada tem sido gasto assistindo o reality show ‘The Bachelor Presents: Listen to Your Heart’ (“Eu só grito constantemente com a televisão”) e fazendo bolos (ou melhor, “massa derretida numa assadeira”).

Ela também tem promovido um álbum. “Petals For Armor”, lançado na sexta-feira (08), é o primeiro trabalho de Williams como artista solo, depois de mais de uma década como a destemida ‘frontwoman’ de cabelo neon, da banda pop-punk Paramore, mais conhecida pelos sucessos “Misery Business”, “That’s What You Get” e “Ain’t It Fun”. Ela está presente em um punhado de outras músicas – “Airplanes” de B.o.B e “Stay the Night” de Zedd, mais notadamente – mas quase sempre com “do Paramore” anexado ao seu nome.

Agora voando livre como artista solo enquanto Paramore está em hiato, “Estou percebendo o quão pouco eu acreditava em mim mesma”, diz Williams. “Ser parte de algo maior do que você mesmo é de grande ajuda. É comunidade e há força em números, e mesmo desde muito jovem, me pareceu certo. Fazer algo sozinha é muito desafiador e fortalecedor, mas também é uma lição que eu devo aprender”.
Joey Howard, baixista de apoio do Paramore e co-escritor do ‘Petals for Armor’, diz que Williams é “incrivelmente corajosa” por se aventurar por conta própria.

“Eu admiro seu forte senso de si mesma”, diz ele. “Ela nunca admitiria isso, mas domina praticamente qualquer instrumento… Ela realmente se colocou a prova com este projeto e tem sido tão divertido vê-la florescer”.

USA TODAY falou com Williams, 31 anos, por telefone no mês passado enquanto ela ficava de quarentena em casa, em Nashville, Tennessee. Ela nos contou sobre o “Petals for Armor”, terapia e o que vem a seguir para o Paramore.

“Eu ainda não me sinto confiante, mas é bom ter pessoas ao meu redor que acreditam em mim quando não posso acreditar em mim mesma”, diz Williams.“Este é um grande exercício para descobrir como fazer isso”. Foto por Lindsey Byrnes

Pergunta: Em primeiro lugar, como você está?

Hayley: Eu tenho estado bem. Eu me perguntei quando tudo isso começou se eu deveria adiar o álbum, mas eu pensei: “O que eu realmente vou fazer nos próximos meses sem trabalhar? Eu sinto que estou grávida dele há tanto tempo que estou pronta para lançar todas essas coisas logo. Já fiz entrevistas no Skype e sessões de fotos no FaceTime, então só estamos aprendendo a fazer isso de uma maneira totalmente diferente e isso me fez seguir em frente. Para quem tem alguma forma de ansiedade, algumas dessas questões mundiais maiores parecem tão fora de controle que podem ser um pouco paralisantes. Por isso, eu tenho sido muito grata pelo trabalho agora.

P: Como alguém que também vive com depressão, achei a meditação e a terapia virtual extremamente úteis durante a quarentena. O que tem sido mais benéfico para você?

Hayley: Ah, nos dias em que acordo e sei que tenho terapia no Skype, eu penso: “Meu Deus, eu quero tanto cancelar isso”. É como ir para a academia ou algo assim. Eu estava definitivamente em negação nas primeiras semanas e eu diria que a terceira semana foi quando foi mais difícil para mim: Não saí mesmo do sofá, não falei com ninguém, não trabalhei muito. Eu estava chorando muito, do nada, especialmente se eu lesse as notícias. É terrível!

Mas para mim, fazer chá pela manhã (é calmante). Eu faço uma espécie de mini cerimônia do chá para mim, onde coloco algum tipo de música internacional, acendo incenso e fico ali sentada com meus pensamentos – ou sem pensamentos – e me deixo relaxar durante o dia. Acho que as manhãs bem cedo e logo antes de dormir é o mais difícil, então se eu conseguir continuar me movendo de qualquer maneira, estou bem.

P: Este tem sido um momento criativo?

Hayley: Muitas das coisas que tenho aprendido não têm a ver com música, o que é interessante. Eu deveria ter passado o mês passado e a maior parte deste mês apenas praticando minhas músicas em diferentes instrumentos e fazendo novos arranjos (para a turnê), mas agora ao invés disso, o que eu estou aperfeiçoando é o que eu gosto de comer e como fazer mercearia. É uma coisa tão esquisita. Eu não passei muito da minha vida de adolescente ou dos meus 20 anos em casa, então isso é tudo novo para mim. Tenho escrito um diário um pouco, mas acho que escrevi tanto para o álbum que talvez eu esteja vazia por um momento. Quem sabe?

P: Você lançou recentemente o novo single “Dead Horse”, no qual você confessa ser a “outra mulher” em um relacionamento passado (com o agora ex-marido Chad Gilbert da banda New Found Glory). Qual é a sensação de colocar uma música tão reveladora por aí?

Hayley: Parece que alguém removeu um tumor do meu corpo – eu estava muito nervosa para lançá-la. Eu sei que você não pode controlar as percepções das pessoas, mas para mim, eu sabia que com meu lado do coração partido, eu sentia muita vergonha sobre isso ao invés de ser capaz de absorver e seguir em frente. Isso parece que meu eu de 30 anos finalmente falou pelo meu eu de 22 anos que não conseguia dizer algumas dessas coisas. Ela não teve as palavras ou a coragem de se defender. Isto sou apenas eu desajeitadamente aprendendo a cuidar de mim mesma de novas maneiras.

P: Você falou sobre como “Petals for Armor” nasceu do diário que você fez na terapia. Em que momento você percebeu que era mais do que apenas um exercício de terapia, mas um álbum de verdade?

Hayley: Eu escrevi um poema que acabou sendo (segundo single) “Leave It Alone”. E isso foi apenas rabiscos no meu diário que se transformaram em uma melodia e eu o coloquei em algo que Joey (Howard) tinha composto em seu baixo. Mas mesmo quando eu estava usando minhas palavras musicalmente, eu ainda não pensava: “Ok, estou fazendo um disco”. Demorou um tempo.

Eu tinha fantasias momentâneas onde eu ficaria tipo, “Ah, cara, soaria tão bonito com pessoas cantando junto com isso”. E então, três ou quatro meses no processo, era como, “Ah, estou fazendo um disco agora mesmo”. E essa era provavelmente a única maneira que eu ia fazer isso. Eu fui enganada para fazer um álbum solo.

P: Você estava relutante em ir à terapia?

Hayley: Minha mãe leciona um curso na Universidade Belmont em Nashville, que é muito focado em bem-estar emocional e inteligência. … E ela estava me dizendo o tempo todo, mesmo quando estávamos em turnê do álbum auto-intitulado (em 2013), “Você precisa ir para a terapia”. Ela sabia de muitas das minhas lutas interiores e coisas que eu só agora comecei a escrever em canções.

Mas a verdade é que eu não queria que me dissessem para sair de um relacionamento que eu sabia que não era saudável para mim. Eu não queria que alguém me empurrasse para isso – eu, por qualquer razão, precisava me torturar até o fim. Então eu estava muito relutante por muito tempo e eu só iria se eu achasse que ia ter uma resposta que eu queria. E nenhuma parte da vida é assim.

Então levou até a hora que liberamos o “After Laughter” (sexto álbum do Paramore) em 2017. Eu estava me divorciando e fiquei tipo: “Cara, não consigo fazer isso sozinha”. Nem sei o que estou sentindo; não sei como expor isso”. Havia um ponto onde era do tipo: “OK, este é um ponto baixo e eu tenho que me comprometer”. O fundo do poço foi no final de 2018, depois de sair da estrada do “After Laughter”. Era demais, eu estava ficando muito doente novamente e precisava de ajuda.

P: Seu colega de banda Paramore, o guitarrista Taylor York, é o co-produtor de “Petals For Armor”. Vocês já estiveram discutindo o próximo álbum dos Paramore?

Hayley: Nós já conversamos sobre isso com certeza. Já falamos sobre quem poderia ser um produtor legal, porque tanto Taylor quanto Zac (Farro, baterista do Paramore) produzem agora. E nós conversamos sobre quais estilos de música nós poderíamos querer. Mas é engraçado, porque nós sempre fazemos isso e depois embarcamos numa ideia inicial e a modificamos completamente até o fim. Isso me deixa animada porque nós literalmente seguimos nossos caprichos e quem sabe para onde iremos? Acho que foi isso que manteve o Paramore vivo todo esse tempo.

A parte III do álbum solo de estreia de Hayley Williams, ‘Petals for Armor’ sairá nesta sexta-feira (08). Enquanto isso, ouça o último single da parte II, ‘Dead Horse’:

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