Em entrevista ao jornal Women’s Wear Daily, a vocalista Hayley Williams fala sobre a decisão de trazer ‘Misery Business’ de volta à setilst dos shows, sua estética para a turnê do ‘This Is Why’ e referências do mundo da moda, além de refletir sobre seu amadurecimento em comparação à sua adolescencia, e muito mais. Também, a entrevista conta com um photoshoot exclusivo clicado pelo fotógrafo Alex G Harper.

Você pode conferir a tradução completa da matéria a seguir:

Hayley Williams, do Paramore, reflete

Hayley Williams pode ser conhecida por ter uma grande energia em cima dos palcos, mas sentada do lado de fora da sua casa em Nashville durante uma pausa da turnê, ela se mostra tranquila.

Depois de um furacão de shows no verão, o Paramore está passando a maior parte do final do ano em casa, descansando e se recuperando. Os planos de Williams incluem fogueiras na casa do baterista da banda, Zac Farro, passar tempo com as suas irmãs e se esconder um pouco.

“Nesse verão, não houve muito foco. Na realidade, foi uma grande lição em como não me deixar ficar desfocada de novo,” diz Williams. “Eu diria que o meu padrão é ter terapia uma vez por semana, e fazer muitas coisas específicas de manhã, seja preparar um chá e fazer disso um ritual ao invés de só derramar água e colocar um saquinho [de chá] na caneca. Eu também venho fazendo fisioterapia, tentando fortalecer o meu pescoço, que está um pouco danificado de tanto eu bater cabelo por todos esses anos. E eu acho que isso conectou meu corpo à mim de uma forma que talvez eu nunca tivesse me conectado antes. Então essas três coisas, e ser capaz de me expressar e ter um espaço seguro para apenas processar as coisas, é algo que eu não fiz o suficiente enquanto a gente estava fora. Eu realmente deixei de lado. E agora que eu estou em casa, eu estou voltando à rotina.”

“Agora faz um ano desde que começamos o ciclo do álbum, desde que começamos a treinar de novo, ensaiar para os shows e tudo mais,” diz Williams. “Então sim, esse é tipo o nosso primeiro break real e a gente vai estar escrevendo e tentando recarregar as energias para que possamos voltar com tudo – especialmente no próximo verão. Nós vamos ter um longo verão.”

O próximo verão levará a banda para a Europa como parte do ato de abertura da turnê The Eras Tour da Taylor Swift (“Vai ser só eu bebendo vários Aperol Spritzes o verão todo,” diz Williams), depois de já ter tocado em dois shows da cantora nesse ano. A atual turnê da banda promove o álbum “This Is Why”, lançado em fevereiro, o qual foi o primeiro lançamento em seis anos.

O Paramore foi formado há muito tempo atrás, em 2004, e Williams talvez seja uma das pessoas que fique mais chocada quando percebe que o Paramore ainda está fazendo sucesso, e se faz mais relevante do que nunca. Dado o sucesso da música “Misery Business” nos dias atuais, é desorientador lembrar que ela foi lançada há 15 anos atrás, o que significa que o Paramore de 2023 está apresentando hits do início dos anos 2000.

“Nós aposentamos ‘Misery Business’ por alguns anos, e foi nessa época que tiramos um tempo. Então quando voltamos, havia acontecido essa grande ressurreição dessa era da música,” diz Williams. “E a gente ficou tipo, se nós não vamos dar isso ao público, então o que estamos fazendo? E eu acho que o que faz nós nos sentirmos melhor sobre mergulhar nessa nostalgia é que a gente não vive nela. Ainda bem que as pessoas que vêm assistir os nossos shows também ficam felizes ouvindo as músicas novas, e nunca sentimos que tem um momento de silêncio vindo da plateia, o que às vezes pode acontecer. Às vezes você vai ver a sua banda favorita e você só quer ouvir as músicas que cresceu escutando. E em cada show eu falo pro nosso público, obrigada por amarem as coisas novas, mas também por terem crescido com a gente. Porque as pessoas não necessariamente querem subir no palco pra ficar lendo o diário de quando elas tinham 17 anos todas as noites e deixar por isso. Aos 34, eu não sinto que se estivesse escrevendo [canções como] ‘Misery Business.’”

Aos 34, Hayley Williams sente que ela é uma artista completamente diferente de quando ela era uma adolescente; quando o grupo começou, ela era uma das únicas mulheres em um oceano de bandas de metal lideradas por homens, e como uma adolecsente de 17 anos tentando crescer nesse espaço, ela sentiu que precisava criar uma armadura pra ela mesma.

“Eu realmente criei uma versão muito hardcore de mim mesma. E me sinto muito mais leve e aberta agora, e por causa disso, eu sinto que posso ser mais eu mesma. Isso é legal porque eu realmente penso que a nossa banda sempre celebrou o que faz cada pessoa ser única, ser diferente ou sermos um espaço seguro para todas as pessoas que já se sentiram de fora da sociedade, e tudo mais. Isso sempre foi importante pra gente,” ela diz. “Mas é interessante porque naquela época, sendo uma adolescente, eu não acho que estava totalmente presente com quem eu era porque isso era muito assustador. O mundo é assustador, e você tem 17 anos e está fazendo várias coisas novas pela primeira vez na frente do mundo. E eu acho que agora tenho uma facilidade maior pra ser quem quer que eu seja, em não me sentir como se eu tivesse que me inflar e ser durona pra passar por alguma coisa.”

A abordagem fashion dela no palco também passou por uma transformação, e na turnê atual, ela quis sobrepor a “ansiedade” do álbum com peças e silhuetas mais femininas. As suas décadas favoritas da moda são os anos 60 e 70, então ela buscou pelo estilo de pessoas como Jane Asher e Debbie Harry como inspiração.

“Nós sempre vamos nos inspirar na Debbie, porque ela também vestia silhuetas muito femininas, mas era casca dura. E eu acho que onde nós estamos cultura e politicamente, eu quis refletir um tempo que, sobre o que eu li, e por tudo que eu sei, fosse similar,” diz Williams. “Havia muita luta por direitos que deveriam fazer parte dos direitos humanos básicos. E eu apenas pensei em todas essas coisas, e me pareceu ser a persona ou personagem certa pro álbum, de ser muito brava enquanto calço Mary Jane e uso uma minissaia.”

A nostalgia, seja na inspiração da moda ou na reação do público, está em toda a turnê do Paramore. Agora que ela está em casa, tirando um tempo pra respirar, Williams está mais reflexiva.

“De vez em quando, a gente toca uma música e eu estou super presente, não apenas no sentido de estar com as pessoas, mas eu fico prestando atenção nas letras, eu fico tipo ‘meu Deus, eu não acredito que eu escrevi isso.’ Eu lembro que nós estávamos tocando uma música chamada ‘Misguided Ghosts,’ a qual estava na turnê do terceiro álbum, e é uma das minhas favoritas porque eu acho que reflete o tipo de música que nós estávamos escutando mais no nosso estágio mais acústico. E a gente estava tocando ela em um lugar real, e aquela foi a primeira vez em um bom tempo que eu de fato prestei atenção no que eu estava falando, e isso foi muito emocionante,” ela diz. “Eu senti tipo, ‘caraca, a gente passou por tanta coisa como banda. Nós não deveríamos estar aqui. Não existe razão para estarmos aqui.’ Eu brinquei o tempo todo que nós somos tipo uma barata. A gente não morre de jeito nenhum. Eu sou muito grata.”

Paramore Brasil
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