A mais nova edição da DIY Magazine que tem como estrela da capa Gerard Way (ex-My Chemical Romance) trouxe também uma matéria super interessante sobre o Reading & Leeds Festival, que acontece em alguns dias.

Trazendo um especial com várias bandas que estarão presentes no festival, Paramore não poderia estar de fora. Hayley Williams concedeu uma entrevista descontraída, que a coloca frente a frente com Lauren Mayberry, vocalista da Chvrches, banda que ela já confessou adorar, bem como Lauren já declarou adorar o Paramore também.

Em primeira mão, você tem a tradução da matéria, além de poder conferir a revista online, diretamente no site:

Gerard Way não é o único incrível performista que vai estar no Reading & Leeds Festival deste ano. Nos três dias haverá de tudo, desde as bandas que estão sempre na mira dos charts até as menininhas super legais. Nas próximas 26 páginas você vai encontrar um pouco do melhor de tudo.

Lauren Mayberry, da CHVRCHES, e Hayley Williams, do Paramore, ficaram frente a frente antes de suas aparições no Reading & Leeds.

Uma delas é a atual realeza do pop-punk; a outra é a estimada herdeira do trono do eletro-pop. Ambas são fãs do trabalho uma da outra e ambas estão prontas para performances de destaque no reading & Leeds 2014. Enquanto o Paramore ainda está colhendo os frutos do lançamento de seu quarto álbum de estúdio, que foi auto-intitulado, Chvrches passou o último ano armazenando elogios e dominando os EUA, tudo isso com apenas um álbum.

Agora, assim que o Paramore engrene para ser a atração principal do festival deste ano, a Chvrches estará fazendo contatos para conseguir um grande espaço na Radio 1/NME Stage, que estão avidamente esperando por eles. Quando olhadas de fora, as duas bandas podem parecer viver dentro de lados opostos do universo musical, mas elas tem mais em comum do que podíamos imaginar. Que bom momento para entrevistar Hayley Williams e Lauren Mayberry, e descobrir — apesar do que algumas pessoas podem pensar — o quão similar é o trabalho interno das duas bandas.

Hayley, o Paramore está atualmente na Monumentour. Como têm sido os shows?
Hayley Williams: Não faço ideia do porque nunca fizemos essa turnê antes, agora. Os fãs que dividimos com o Fall Out Boy são incríveis, e os fãs que nós trazemos para o shows uns dos outros são incríveis também. É legal ver que duas bandas diferentes podem existir no que é essencialmente a mesma cena, mas sem nenhum tipo de rivalidade entre fãs. E a turnê é realmente um evento. Parece enorme, o que nos deixa realmente orgulhosos disso.

Lauren, a Chvrches acabou de fazer alguns shows no festival “T in the Park”: como foi?
Lauren Mayberry: O “T” é provavelmente nosso “festival local”, quando comparado com outras coisas que temos feito, então foi legal estarmos aptos a levar alguns amigos com a gente, e poder ir direto para a nossa cama depois! Fizemos três shows no final — a apresentação que já estávamos escalados pra fazer, um pequeno programa da BBC, para introduzirmos convidados, e fizemos também uma substituição do trio “London Grammar” no domingo, então nós definitivamente vimos alguns lados diferentes do festival, mas é um festival com o qual todos nós crescemos, então significou muito pra nós.

Vocês duas estão se preparando para tocar no Reading & Leeds deste ano. O que vocês mais gostam nos festivais, em geral? Quais são os desafios que surgem com eles?
Hayley: Nós crescemos na Warped Tour, e bem cedo em nossa carreira nós conseguimos fazer uma turnê no Reino Unido, e tocar em alguns festivais. Então acho que me sinto em casa quando estou no palco de um festival. Gosto do desafio de fazer as pessoas que não são fãs continuarem prestando atenção, e gosto da perspectiva de ganhá-los!

Então, você acha que é importante se adpatar para um show ao vivo?
Lauren: Tocar em festivais significa que você vai estar em um monte de ambientes diferentes — cobertos, abertos, de dia, de noite — então você precisa adaptar ligeiramente seu setlist por causa disso, mas sempre foi importante para nós que nossos shows ao vivo fossem apenas isso — ao vivo. Acho que pode haver uma pequena tendência em algumas bandas eletrônicas, por fazer um glorificado playback ao invés de uma performance, mas por causa do cenário musical do qual viemos, queremos tocar ao vivo da forma mais humana possível, para o benefício da multidão e também para nossa própria diversão. O quarto membro da banda ainda é Ableton.
Hayley: É importante encontrar um balanço entre um setlist de festival do tipo “explosivo”, com singles e grandes músicas, e então também mostrar aos seus fãs mais antigos que não importa quanta grana você esteja fazendo, você não esqueceu as músicas que te trouxeram para onde você está agora.

Falando sobre o seu set, mais propriamente, o que vocês puderam explorar com isso conforme os palcos foram ficando maiores? Você acha que mudou e aprimorou isso conforme os últimos anos?
Hayley: Se tornou muito divertido trabalhar com diferentes tipos de produção. Sempre fomos a banda que vinha com um pano de fundo e seus instrumentos, apenas. Nós gostávamos daquela aproximação, ficamos inspirados quando vimos que Rage Against The Machine tocou em um festival uma vez com nada mais que o logo deles de fundo, para mesmo assim, arrancar as emoções do que parecia um país inteiro, de tanta gente. Com esse álbum, nós tentamos vários elementos novos na produção. Jeremy sempre cuida da parte de produção. É ele que vem com as ideias que depois as pessoas acabam vendo em nossos shows. Nós ainda mantemos isso bem aerodinâmico, não somos uma banda muito espalhafatosa… mas é bem divertido testar coisas novas nos shows.
Lauren: Nós todos estivemos em bandas por um longo tempo, então fazer shows é o que fazemos de melhor, mas leva um tempo para descobrirmos como é a dinâmica ao vivo de cada banda e nós definitivamente ficamos mais confortáveis com o passar dos últimos anos. As pessoas sempre terão opiniões sobre determinadas coisas, e quando nós iniciamos, as pessoas costumavam dizer “Porque a cantora não dança mais?”, “Ela deveria sorrir de vez quando.” Apesar de serem coisas casualmente sexistas, alguém alguma vez já disse que Thom Yorke deveria sorrir? Acho que não. As pessoas querem que você se encaixe no molde daquilo que o “esperado” de uma banda eletrônica. Mas se essas coisas já existem, qual é a moral de fazermos uma má imitação daquilo para agradar aos outros? Só você pode ser a versão mais verdadeira de si mesmo, e isso sempre foi importante para nós.

Quais são os elementos mais importantes de um show ao vivo pra você?
Lauren: O som, nós trabalhando juntos como uma banda para fazermos um bom show, e as pessoas que veem nos assistir. Todos nós já fomos aquele cara que fez shows onde provavelmente haviam mais membros na banda em cima do palco do que pessoas na platéia, e acho que essa experiência nunca sai de você.
Hayley: O elemento mais importante do show de qualquer um, ao vivo, deveria ser que isso, que é de fato, um show ao vivo. Não gosto quando uma banda soa exatamente como se estivesse em estúdio, mas também não gosto quando as bandas não conseguem tocar essas músicas ao vivo. Nós trabalhamos pra caralho para impressionar as pessoas que veem nos ver. A habilidade e o desejo de se conectar com pessoas que nós dão suporte tem a mesma importância. Então todo o show é um pouco diferente em termos de emoção, execução, e até mesmo pequenas coisas, como as brincadeiras no palco.

Vocês estão em bandas que agora são trios; quanto te afeta estar em uma unidade tão pequena como banda?
Hayley: É maluco envelhecer com Jerm e Taylor porque nesse ponto, temos sido amigos por cerca de 13 anos, e fazem 10 que estamos na estrada. Quando viramos um trio, nossa amizade se tornou mais simples, quase que por necessidade. Tivemos de reaprender o que tínhamos em comum, o que amávamos uns nos outros, o que não amávamos… Então, a base do nosso “renascimento” como banda começou com o estabelecimento de uma nova base de amizade. 
Lauren: Eu acho que para nós, é um número perfeito porque não há muitas personalidades envolvidas, onde você não pode fazer certas coisas e é fácil para nos comunicarmos.

Finalizando, vocês estarão tocando em grandes posições no Reading & Leeds dessa ano, vocês já estão pensando a diante disso?
Lauren: Nós tocamos no Reading & Leeds ano passado, então é legal estar aqui novamente, um ano depois, com um álbum que agora já saiu, e então é possível que as pessoas conheçam mais que apenas os nossos singles.
Hayley: Estou nervosa, cara! Mas muito empolgada e pronta. Nós ainda temos que ensaiar várias músicas extras porque o set vai ser ainda maior do que o que estamos tocando agora na turnê! Ainda não definimos todos os detalhes, mas vamos fazer valer a posição excelente que nos foi dada.

Observação: Ainda nesta página, duas perguntas colocadas entre estas duas últimas estão ilegíveis, tapadas por um “V”. Assim que tivermos estas perguntas na íntegra, elas serão adicionadas à matéria.

(Nas partes com perguntas em vermelho):

HAYLEY VS LAUREN:

O que você pensa sobre a suposta falta de mulheres em bandas de música mais ao estilo hardcore? Isso é porque há falta de mulheres para isso, ou a indústria é a culpada por não as dar suporte ou promovê-las?
Hayley: Não tenho certeza se há realmente uma falta delas, uma deficiência… Tenho certeza que há mais garotas jovens à frente de bandas ou tocando nelas em nossa cena agora do que a quantia que havia quando o Paramore começou a fazer turnês. Isso foi a dez anos atrás. Se realmente há uma deficiência… Isso começa com cada um de nós, individualmente. Temos de encorajar as garotas quando são bem novas, dizendo que elas são capazes de serem exepcionais. Por o que quer que seja que elas demonstrem interesse, a paixão que nós desenvolvemos nessas garotas novas deve ser mais forte e mais alta que as vozes que dizem à elas que elas não são boas o suficiente. E então temos de dar um passo à frente e ter certeza que não estamos separando garotas em um bloco de níveis de habilidade diferente do que o nível dos garotos. Nunca quis que alguém dissesse algum dia “Oh sim, Paramore é excelente, se tratando de uma girl band.” Para mim, é mais um problema da vida, não da indústria musical.

Você parece estar bem ativa nas redes sociais. O quão importante isso é pra você, como meio de comunicação com os fãs?
Hayley: Fizemos nosso MySpace bem antes de que tivéssemos uma turnê real. Não tenho certeza se o Paramore como um todo poderia funcionar sem algum tipo de plataforma online de suporte. Nós realmente amamos esse acesso instantâneo com as pessoas que nos dão suporte. Se tornou ainda mais importante agora que estamos num ponto onde não podemos estar nas tendas de venda de merch (produtos oficiais) depois de cada show, ou sair um pouco antes que as portas se abram. O Street Team (da Fueled By Ramen, a gravadora) é a prova de que as pessoas ainda querem coletividade mesmo na era “esconda-se-atrás-da-tela” que estamos vivendo na Internet agora. Essa coletividade vem à vida nos shows e é onde você realmente começa a entender o quão valiosa é essa parcela de coisas que chegam até nós por causa do online.

O seu alcance vocal é IN-CRÍ-VEL. Quais são suas dicas para cantores, em termos de elevar as forças e manter as vozes deles?
Hayley: Obrigada! Nunca pare de fazer aulas de voz, o que é essencialmente um ótimo aquecimento. Ainda mais importante que isso, é o “desaquecimento”! Que é basicamente, fazer o aquecimento ao contrário… Diminuindo as escalas ao invés de aumentá-las. Simples, mas muito importante! Também, descansar a voz é crucial quando você está rouco, mas ninguém consegue me fazer calar a boca nunca, então eu tenho que improvisar.

LAUREN VS HAYLEY:

Eu amei seu editorial para o The Guardian (Tablóide Britânico) sobre a misoginia na internet. Eu vivenciei isso mais do que gostaria de admitir nos últimos 8 ou 9 anos e eu me senti encorajada pelas suas palavras. Eu estou tentando imaginar, o que aconteceu com você após isto se tornar viral? Você sentiu alguma mudança tanto em você, quanto em suas interações com os fãs?
Lauren: A resposta que tivemos dos fãs, outros músicos e da mídia foram muito positivas, para nós pelo menos. Eu tenho certeza que algumas coisas negativas foram ditas, mas eu não procurei por elas. Aquilo foi muito encorajador, porque embora para mim seja algo racional para se trazer a tona, nós não éramos uma banda muito política aos olhos do público até então. Para mim, pessoalmente, eu acho que foi um alívio porque eu estava silenciosamente lidando com isso à portas fechadas, então foi algo catártico poder fazer algo positivo no que antes era uma situação completamente negativa. E também eu já estava tão cansada e irritada, que eu me senti bem ao fazer algo.

Você tem uma voz muito boa. Mesmo quando eu vi Chvrches ao vivo eu fiquei realmente impressionado com seu tom. Perfeito! Quais vocalistas ou performances em particular influenciaram sua carreira até aqui? Há algo, vocalmente, que você gostaria de fazer no próximo álbum?
Lauren: Obrigada! Acho que os últimos anos de turnê me ajudaram na minha confiança em geral e também abriu oportunidades em relação à voz que não existiam antes, quando fizemos o primeiro álbum. Porque eu não estava cantando “profissionalmente” naquela época. Vai ser divertido tentar diferentes tons e alcances e continuar experimentando a ideia de usar vocais como instrumentos e melodias. Em termos de influências, eu amo escutar diferentes tipos de cantores e tentar técnicas, por exemplo Fiona Apple, Debbie Harry, Tracy Chapman, Corin Tucker, Regina Spektor, PJ Harvey, Leonard Cohen, Conor Oberst…

Ultimamente você tem ganhado bastante credibilidade, simultaneamente, durante todo o desenvolvimento do seu primeiro álbum. Vocês tem planos, objetivos, medos ou quaisquer pensamentos em particular sobre o que vocês vão fazer como uma banda?
Lauren: Eu acho que para nós o mais importante é continuar a fazer o que achamos ser certo, e focar em um segundo lançamento. Contanto que você sinta que o que você está fazendo é verdade e está baseado no que você acredita, então você não pode estar errado.

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