A New York Fashion Week é sempre cheia de surpresas, mas ninguém esperava que Hayley Williams aparecesse, e muito menos que ela fosse emprestar sua voz para o desfile final “Garden Ho”, da coleção outono/inverno 2020 de Collina Strada, no domingo (09) à noite na cidade.

Se você estava no meio da rua, provavelmente estava ouvindo o ícone pop-punk cantar com o Paramore, através do rádio. Era a banda que transcendia gêneros e camadas sociais – não importava se você era emo ou não, era mais provável que você ouvisse “Misery Business” explodindo na jukebox digital da Hollister, ou da Hot Topic.

Quinze anos e cinco álbuns da banda depois, Williams finalmente embarcou em um novo projeto – um álbum solo intitulado ‘Petals For Armor’, previsto para o de Maio deste ano. Ela já lançou um EP de cinco músicas e, no show de Collina Strada, apresentou seu primeiro single como artista solo, “Simmer”.
Depois que os modelos desfilaram na montagem sustentável de Hillary Taylor, da marca favorita de moletons com capuz tie-dye e tênis multicoloridos (com vegetais em vasos, enxadas de jardim e garrafas de água de metal reutilizáveis ​​na mão, é claro), Williams conversou com a W Magazine nos bastidores sobre sua estréia na Fashion Week, compras em catálogos e por que ela é atraída por narrativas sombrias. Confira:

W Magazine: Você está cansada após essa performance?

Hayley Williams: Não, eu só estou faminta. Fashion Week é cansativo para as pessoas, mas eu só estive no evento por 10 minutos e então fui embora. Hillary me disse que dormiu apenas uma hora na última noite e eu pensei “Não, eu não posso fazer isso em uma dia de show, eu morreria.”.

W Magazine: Essa foi a primeira performance do seu trabalho solo em público?

HW: Sim. Especialmente para pessoas que não estavam esperando por isso, nós meio que às atacamos. Essa foi a minha primeira performance em um Fashion Week.

W Magazine: Anteriormente, qual era a sua relação com uma Fashion Week?

HW: Normalmente estou apenas nas redes sociais. Eu sou uma dessas pessoas que gosta de ficar em casa, sonhando e observando tudo. É como quando você é criança e anotava/circulava algo no catálogo de Delia, mesmo sabendo que nunca teria aquilo [risos]. Essa é a minha experiência com uma Fashion Week.

WM: Você já esteve em desfiles de moda ou já sentou na primeira fileira antes?

HW: Tive uma experiência bastante recente na primeira fileira. Fomos ao desfile da Adidas, que estava muito legal e inclusivo. Eu estava bem animada por estar lá e não esperava sentar na primeira fileira, apenas pensei que já estaria com muita sorte se conseguisse ver algo legal. Antes disso, há muitos anos atrás, eu compareci ao primeiro desfile de moda da Rachel Antonoff, porque eu sou amiga dela e de seu marido, o Jack Antonoff. Também já estive em turnê com ele. A forma como ela organizou o ambiente trouxe a sensação de que eu estava passeando em um museu. Eu andei pelo local e foi isso, sabe? Agora, tocar em um desfile, vendo como as coisas funcionam por trás das cortinas, e estar nos bastidores enquanto as modelos estão se preparando, foi um caos agradável de apreciar.

W Magazine: Você gostaria de se envolver mais com o mundo da moda, agora que já provou um pouco disso?

HW: Diga-me você! Devo, ou não?

W Magazine: Sim, por favor se envolva! Algumas pessoas na platéia não reconheceram você, porque elas estão acostumadas a verem você com cabelos de cores vivas. Você sente uma espécie nova de anonimato?

HW: Eu tenho essa cor de cabelos há algum tempo. Enquanto trabalhávamos no álbum After Laughter, a primeira coisa que notei foi esse sentimento de anonimato, quando estávamos caminhando por Nashville. Ou mesmo em algum show, pois fomos em vários deles antes de lançar o álbum. Ninguém estava me parando e eu amei isso, sabe? E pra mim, emocionalmente falando, é importante não ser essa personagem que as pessoas esperam que eu seja. É realmente importante para a minha própria identidade.

W Magazine: Você sente que começará a se vestir de uma forma diferente nessa nova etapa como artista solo?

HW: Bem, talvez. Posso dizer que geralmente a influência e a inspiração que vem através da música é algo em tempo real pra mim. É obvio que existem formas artísticas as quais eu penso desde que era adolescente, mas de qualquer forma eu busco me expressar conforme estou me sentindo. Por exemplo, com o EP que acabei de lançar, que é apenas uma parte do álbum, é mais intenso e sombrio e há temas mais pesados nele. Sinto que revivo muitas dessas coisas e então acordo e quero vestir roupas pretas todos os dias. Esse desfile foi incrível, porque eu vejo que Hillary coloca um pouco de desse tom sombrio em tudo e há algo muito real nisso. Há muitas texturas, mas também é muito colorido. Eu acredito que, para um primeiro envolvimento com na Fashion Week, foi o casamento perfeito.

W Magazine: Como você se sentiu ao tocar a sua nova música?

HW: Foi incrível! Realmente muito bom. Foi basicamente eu e o Joey; ele é o baixista de turnês do Paramore. Escrevemos juntos muitas das músicas deste projeto. Trouxe ele e então fizemos as músicas. Se você dissesse, para o meu eu de 16 anos de idade, que eu cantaria ou tocaria uma música, eu ficaria pálida, mas isso funcionou tão bem. E isso é o que as pessoas fazem aqui. Então tive que aprender um pouco, e, uma vez que compreendi o que isso se tornaria, simplesmente aceitei. Essa é uma performance emotiva e foi incrível.

W Magazine: No seu álbum anterior com o Paramore, After Laughter, havia muito dessa dualidade que você acabou de fazer em relação ao show no desfile de Collina Strada. A capa do álbum e os videoclipes eram muito brilhantes e, se você ouvir as músicas, elas parecerão muito animadas, numa pegada mais pop, ou quase felizes, mas se você ler ou ouvir as letras, verá que existem alguns temas muito pesados. Qual é o espírito ou a mensagem do seu álbum solo, ‘Petals For Armor’?

HW: Acho que a mensagem é a transmitida no título. Mesmo se você apenas olhar apenas para as palavras, ‘Pétalas’ e ‘Armadura’, verá que são muito opostas uma à outra. Para mim, o mantra de lutar pela vida com um novo senso de vulnerabilidade é realmente importante. Mas acho que ser suave assim, na minha experiência, exige que eu seja muito realista sobre as coisas e encontre tempo para ainda ter esperança. Eu acho que foi interessante passar por terapia e aprender muitas coisas sobre mim mesma e por que meus mecanismos de enfrentamento são o que são e tudo mais. Eu sou atraída por narrativas sombrias. Costumo inclinar a cabeça e não confiar muito se as coisas tiverem esse aspecto. Gosto de merecer coisas e também de saber que o que está na frente de algo não significa tudo; Quero saber que há coisas por trás para desvendar. Petals For Armor tem um pouco de tudo isso. Existe auto-depreciação, na qual sou muito boa. Também há angústia e raiva desafiadoras, mas que ficam mais leves conforme o tempo passa. Um monte de merdas da vida real.

W Magazine: Como você conheceu Hillary Taymour?

HW: Através do Instagram, na verdade. Eu vesti algo e acho que estava fotografando com meu amigo Phoenix. Ele me trouxe uma blusa da Collina e disse “Vista isso e vamos ao quintal fazer algumas fotos”. Eu a marquei em uma foto e começamos a conversar. Eu fiquei louca quando ela me chamou para cantar no desfile, porque não nos conhecíamos pessoalmente.

W Magazine: Quando vocês se viram pela primeira vez?

HW: Nos encontramos ontem à noite, quando visitei seu estúdio [risos].

W Magazine: O que você achou da música sendo tocada durante o desfile?

HW: Eu amei! Acho que combinou muito. Eu apareci e pensei “sim, esse é o jeito certo de começar a semana da moda.”. Minha carreira na semana da moda. Pode ter acabado, mas eu ao menos comecei!

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