A Rock Sound organizou uma lista com algumas das personalidade mais influentes, inspiradoras e importantes da cena musical atual, a “Rock Sound 50“. Hayley Williams conseguiu chegar ao topo dessa lista, sendo considerada a celebridade mais influente e inspiradora do momento. Leia a matéria na íntegra abaixo:

A estrela do Paramore que inspirou uma geração completamente nova continua forte

Texto de Ryan Bird e fotos de Lindsey Byrnes

Quando falamos de figuras influentes no mundo do rock, você ficaria sob grande pressão se precisasse encontrar um indivíduo mais merecedor do termo que Hayley Williams. Por mais de uma década, a vocalista de 27 anos de idade tem tido uma das vozes mais incríveis do momento, tanto literalmente quanto figuradamente. Enquanto o sucesso do Paramore é algo certo, que supera qualquer tipo de dúvida — 4 álbuns e vários milhões de vendas, numerosos shows em arenas e também como headliners em festivais impressionantes estabelecem a banda como sendo uma daquelas que alcançaram o topo do sucesso — é o que Hayley acredita e apoia fora da música que ela e sua banda criam que fez com que ela se visse sentando no topo do primeiro ranking da Rock Sound 50. Desde a estreia do primeiro álbum da banda, “All We Know Is Falling”, há 11 anos atrás, a influência individual de Hayley cresceu tão rapidamente quanto o perfil do Paramore. Inspirando uma geração inteira de jovens de todos os gêneros, sexualidade, cores e credos, sua mensagem tem sido uma só há muito tempo ; de abraçar seu verdadeiro eu e de não ter medo de se posicionar em um mundo que frequentemente zomba daqueles que ousam ser diferentes. Talvez o mais importante seja que ela mudou a maneira com a qual a comunidade do rock vê as mulheres de maneira geral, expondo o sexismo e misoginia quase que sozinha e incutindo segurança e autoestima e crédito em milhões de jovens mulheres — algumas que inclusive ocupam este mesmo ranking aqui com ela agora — que elas também podem viver seus sonhos livres de preconceitos e besteiras de pessoas pobres de espírito. Com sua recentemente lançada companhia de tinturas para cabelo — a goodDyeYoung — dando às pessoas uma plataforma ainda maior de expressão e individualidade , sua influência musical e cultural significou que, para nós, poderia haver apenas um vencedor. Nesta entrevista exclusiva com a própria, nós fomos a fundo com relação ao que significa ser influente em 2016, suas experiências enquanto crescia em um ambiente extremamente dominado por homens e, ainda mais importante, sobre o que o futuro reserva para Hayley e também para sua banda…

Parabéns por estar no topo do recém inaugurado Rock Sound 50! Como é ser considerada a pessoa mais influente do Rock?

H: “Nossa… é incrível! Não considero isso algo leviano. Faz 12 anos que estou na frente dessa banda agora, mas receber qualquer tipo de bajulação como pessoa e como cantora, e saber que as pessoas têm sido impactadas por coisas que fiz como um indivíduo, é incrível. Estou verdadeiramente lisonjeada.”

O que influência significa pra você, e você ainda acha estranho que qualquer um possa te considerar influente?

H: “Honestamente, sim! O que é maluco é que quando as pessoas te contam que você as influenciou, ou que você é a heroína delas em alguns casos, você não pode fazer nada a não ser ir para um lugar em sua mente onde você se vê como alguém que é exatamente igual a elas. Me conheço por dentro e por fora, e sei que sou uma pessoa com tantos problemas quanto qualquer outra pessoa. Ainda tenho coisas com as quais luto em minha mente e coração. É lisonjeiro que eu consiga me conectar com outras pessoas de uma certa maneira — e também há muita pressão envolvida nisso — mas vale a pena pela conexão e pelo senso de ser algo real.”

Você lembra quando foi a primeira vez que alguém te chamou de inspiradora ou influente, e como isso fez com que você se sentisse?

H: “Tempos atrás, no MySpace, há uns 11 ou 12 anos atrás, nós respondíamos a todas as mensagens. Conforme as coisas foram crescendo e as mensagens foram chegando mais rapidamente, isso se tornou algo bem mais complicado de ser feito, mas me lembro dessas primeiras trocas. Algumas pessoas estavam passando por problemas onde machucavam a si mesmas, se mutilavam, outras estavam lidando com problemas psicológicos, mas eles nos disseram que nossas músicas, e em alguns casos minhas letras, os ajudavam a lidar com seus problemas, fazendo com que eles pudessem superá-los. Aquilo foi algo realmente pesado. Vendo a letra de uma de nossas músicas, “Emergency” — a linha que diz “These scars they will not fade” (“Estas cicatrizes não irão desaparecer”) — tatuada em cima das marcas de cortes no pulso de uma menina quebrou meu coração. Eu estive deprimida um tempo, e lutei com coisas que achei que nunca terminariam, mas aquilo foi algo muito além disso, um novo nível. Ver alguém proclamar que já havia superado certo momento ruim em sua vida com palavras que eu escrevi marcadas ali foi realmente pesado.

Você acha que testemunhar esse tipo de coisa, tendo esse impacto, é algo que você vai superar algum dia?

H: “Não acho que eu vá conseguir algum dia. Nunca deixa de ser gratificante. Nós crescemos com muitos de nossos fãs nesse ponto. Eu na verdade acabei de encontrar com uma garota, Grace, em Nashville, que eu conheço desde que tinha 16 anos. Ela e seus amigos vieram a um de nossos primeiros shows em Buffalo, New York, e nós temos uma conexão desde então. Temos a mesma idade, então fizemos várias coisas iguais no mesmo momento, e nós meio que compartilhamos nossa jornada até nos tornarmos adultas. Sempre a vi algumas vezes por ano em shows e ali nós conversávamos sobre todas essas coisas da vida dela — seu primeiro emprego, seu primeiro namorado, seu primeiro apartamento — e pra mim, isso é tão significativo e impactante quanto qualquer outra coisa. Realmente significa muito compartilhar dessa conexão com pessoas.”

Provavelmente é fácil que as pessoas esqueçam o quão jovem você ainda é devido ao Paramore estar diante do olhar público por mais de uma década. Há responsabilidades e experiências com as quais você teve que crescer desde a infância, ao invés de ter que administrá-las somente quando você já era uma adulta…

H: “Absolutamente. Eu tive um perfil no MySpace que era da banda, antes mesmo de ter um perfil para mim, e minha primeira Warped Tour foi quando eu de fato estava me apresentando nela. Todas essas experiências e “primeiras vezes” que eu esperava ter como uma criança normal eu acabei tendo como uma pessoa com muito mais responsabilidade. É definitivamente uma situação estranha, mas também ouve pontos positivos. Quando você está com aquela idade você realmente não considera o que você está fazendo como um trabalho real, propriamente dizendo, é mais como um hobby que você acaba fazendo o tempo todo ao lado de amigos, mas em um determinado ponto e realidade chega. Eu não tive uma vida normal de estudante de Ensino Médio e muitas pessoas costumavam me perguntar se eu não sentia que “estava perdendo algo”, mas eu honestamente nunca senti que estava. Eu estava conhecendo todas essas pessoas incríveis da minha idade por todo o mundo e trabalhando em coisas das quais eu me sentia realmente orgulhosa — eu não via como aquilo poderia ser considerado “estar perdendo” alguma coisa.”

“QUERO QUE A GOODDYEYOUNG REPRESENTE POSITIVIDADE E CONFIANÇA, EU QUERO QUE SEJA SOBRE EMPODERAR PESSOAS”

Você teve de aprender lições e também aprender a cometer erros enquanto crescia em público. O quão desafiador foi isso?

H: “Ser uma compositora, especialmente, faz com que seja difícil decidir o que vai a público e o que fica, e com o Paramore muitas coisas tipicamente vão a público. Eu guardo algumas coisas dentro do meu coração quase como se fosse combustível, mas para a maior parte de meus erros e todas as coisas que eu talvez estivesse envergonhada a respeito, e toda a dor e sofrimento que eu poderia sentir ou mesmo infligir… isso vem pra fora. É difícil viver com o coração na boca e ainda assim ter segredos. Precisei aprender aquilo de uma maneira difícil porque haviam coisas que eu estava vivendo, e outras das quais eu falava abertamente, e então eu tinha que romper com aquilo, voltar e pensar “Oh meu Deus, estou falando sobre a vida real aqui, isso não é um jogo”, estou constantemente falando sobre pessoas e coisas reais que de fato aconteceram, e as vezes é difícil manter isso sobre controle. Ter o seu diário lido pelo mundo todo é difícil, mas isso também me permitiu ficar de pés no chão, sendo realista. Espero que eu possa encorajar as pessoas a se relacionarem com estes sentimentos e experiências, e que de uma maneira, mesmo que pequena, eles consigam lidar com as coisas de um jeito melhor por já terem me visto lutando com isso também. Espero que o fato de eu aprendido lições sobre a vida em público possa ajudar àqueles que passam pelas mesmas coisas, quando eles passam.”

Em termos da percepção das mulheres na cena do Rock, você teve um impacto maior que qualquer outro na última década. Essa influência é algo que você tem consciência a respeito?

H: “De alguma maneira, e até um ponto. É incrivelmente lisonjeiro obviamente, mas também é difícil aceitar esse tipo de crédito. Me lembro de ler uma entrevista com Lynn (Gunn) da PVRIS, onde ela fala sobre ter ido em um show do Paramore quando criança, sobre como depois daquilo ela soube que estar em uma banda era o que ela queria, e que me vendo a fez se sentir como se ela realmente pudesse fazer isso. Esse é um elogio incrível, e uma sensação maravilhosa porque é algo com o qual eu consigo me relacionar totalmente. Me lembro de ver bandas como o No Doubt e Garbage quando eu estava crescendo — bandas com mulheres fortes e confiantes na liderança — me sentindo como se essas fossem pessoas com as quais eu tinha mais em comum do que com qualquer outra pessoa que eu já havia conhecido na escola. Eu olhei para elas e fiquei tipo “Eu posso fazer isso, eu tenho isso em mim.” Estar apto a ter o mesmo tipo de impacto em mais alguém é incrível, especialmente porque houve um tempo em que nós quase nunca víamos bandas com vocalistas mulheres, ou mesmo com membros mulheres, de modo geral. Isso soa absurdo, mas no grande esquema das coisas, mulheres que estão no Rock em qualquer escala mais ampla é realmente algo novo. Faz apenas alguns anos que as pessoas pararam de ter a noção de mulheres no palco em uma banda de Rock como algum tipo de novidade.

Crescer em um ambiente dominado por homens foi difícil?

H: “Acho que nunca tinha percebido até bem recentemente o quão sozinha eu me sentia as vezes como uma adolescente. Eu cresci sem garotas ao meu redor praticamente, em termos de companheirismo ou amizade — tive de recuperar isso por volta dos meus 20 e poucos anos — e eu tinha uma visão nada saudável de minhas amizades com meninas. Nunca passei pela normalidade de ver minhas amigas todos os dias na escola, ou de ter trabalhado em um lugar cercado por mulheres. Mas se as pessoas acreditam que qualquer coisa que eu tenha ou alcancei tenha ido contra isso, mudando essas circunstâncias para outros, isso é realmente incrível. Agradeço a todos que dizem isso.”

Lynn Gunn e Jenna McDougall (Tonight Alive) recentemente falaram sobre o quão positivo tem sido para elas tem uma a outra por perto na estrada e também sobre a importância de se formar essas amizades enquanto em Tour. Como é ver que elas estão aproveitando aquilo que você nunca pôde aproveitar?

H: “É incrível ver, e também é incrível assistir essas pessoas realmente prosperando ao mesmo tempo. Há várias meninas se saindo muito bem, fazendo uma boa arte e ganhando reconhecimento, o que é totalmente merecido. Não gosto de pensar que eu seja responsável por nada além de algumas músicas que o Paramore escreveu, mas se essas pessoas têm atraído alguma inspiração ou crença a partir daquilo que eu fiz, então é demais. O que é ainda melhor é que agora haverá outra geração de jovens mulheres que estão olhando para pessoas como a Lynn e a Jenna. Quando eu comecei em uma banda eu tinha que tirar partes da minha inspiração de homens, porque não haviam muitas mulheres por aí, na verdade. Tive de olhar para músicos homens que eu admirava ou olhava e ficava tipo “Acho que posso fazer isso tão bem quanto eles”, mas tive de achar minha própria maneira de conseguir fazer essa ligação com eles. O fato de que agora muitas jovens mulheres vão ter mais relacionamentos imediatos disponíveis com outras mulheres no mundo da música e que agora há muito mais para se inspirar pode apenas significar algo positivo.”

Longe da música, você também tem sido enormemente influente em termos de moda e estilo, combinados com um forte senso de individualidade…

H: “Com certeza, e estou muito orgulhosa de ter vencido as inseguranças que eu tive um dia. Parte de crescer cercada por tantos homens significou que — certamente nos primeiros tempos do Paramore — eu estava praticamente com medo de ser uma garota. Eu usaria as mesmas blusas que os rapazes usavam, ou o mesmo estilo de sapatos… eu estava desconfortável com a noção de poder me sobrepor. Eu sentia como se qualquer tentativa minha de parecer com uma garota iria resultar nas pessoas não me levando a sério, e isso foi uma perspectiva realmente falha e deformada — uma prática muito ruim para uma pessoa jovem. Me lembro de ter uma conversa com Josh [Farro, ex-guitarrista do Paramore] na Warped Tour de 2006 e ele estava tipo “Por que você não veste algum daqueles looks malucos que você costumava usar quando nós começamos?” Me lembro de ter ficado muito na defensiva e de ter desconsiderado aquilo, mas quando cheguei em casa eu comecei a pensar e decidi que, na verdade, aquela era uma pergunta justa. Fiz uma decisão naquela altura, que eu começaria a ser mais expressiva, e um ano depois que o Riot! saiu eu estava usando maquiagens loucas, tinha três cores diferentes em meu cabelo, usava calças justas insanas que eu escolhi no Japão… foi totalmente diferente. Isso foi há quase 10 anos agora — as pessoas precisam lembrar que isso foi antes que Katy Perry e Lady Gaga e todos esses vários artistas coloridos da cena pop fossem conhecidos. Quando apareci na MTV vestindo aquilo realmente foi algo estranho, mas eu realmente precisava me expressar àquela altura. Quando comecei a ver garotas em shows que pintaram seus cabelos e coisas do tipo, isso significou algo muito impressionante para mim. Me fez sentir muito melhor a respeito de ser eu mesma, e de não me preocupar independentemente de qualquer coisa se alguém iria me levar a sério por ser eu mesma. Fico muito feliz por ter passado por aqui. Não quero que ninguém tenha que sentir como se eles não possam ser quem são, e é por isso que fazer algo como a goodDYEYoung foi tão importante.

“FAZ APENAS ALGUNS ANOS QUE AS PESSOAS PARARAM DE TER A NOÇÃO DE MULHERES NO PALCO EM UMA BANDA DE ROCK COMO ALGUM TIPO DE NOVIDADE”

Com isso em mente, a resposta à sua empresa deve ser extremamente especial pra você, sim?

H: “Realmente tem sido, e eu honestamente nunca imaginaria que ela seria recebida tão calorosamente, com essa rapidez. Quando eu era mais nova era necessário que eu fosse até a farmácia e torcesse para que eles tivessem um vermelho que parecesse um pouco com rosa, ou que tivesse um pouco de laranja, mas nunca funcionou desse jeito. Tem sido ótimo, no entanto. Agora mesmo minha avó está com um cabelo em tom lavanda, e tenho visto crianças que mal têm idade para se vestirem sozinhos apontando para tinturas de cabelos nas lojas, então é legal ver esse tipo de opinião se tornando cada vez mais aceita. goodDYEYoung é sobre construir uma comunidade. Eu quero ter uma conversa com as pessoas da mesma maneira que sempre fiz com o Paramore. Quero que a goodDYEYoung represente positividade e confiança. Quero que seja sobre empoderar pessoas para que sejam quem eles são e que possam se expressar de uma maneira saudável, mas ao mesmo tempo aceitando as pessoas por quem elas são e pela maneira com a qual elas querem ser.

Essa sua crença em auto-expressão se estende a você mesma? Neste momento, positividade e confiança é algo com o qual você se vê cercada?

H: “Honestamente, certamente por onde o Paramore está passando agora, realmente foi um ano difícil. O ciclo do último álbum foi aquele onde mais me diverti e eu sinto que embora eu tenha aprendido muito sobre mim mesma, meus amigos e música, o que eu realmente aprendi é que você só pode viver no topo por um tempo. Aquele senso de nostalgia pode te incentivar um pouco, mas não pode te guiar pra sempre. Muitas coisas boas têm acontecido ultimamente — me casar, especialmente — mas também há várias coisas pesadas acontecendo. É muito importante se manter centrada, para entender pelo quê você está vivendo, e para manter uma noção de quem você é. Em qualquer momento da vida algo pode ser ganhado ou perdido em um instante, e você realmente não pode se dar ao luxo de se apoiar em muitas coisas externas para se manter feliz. Você deve procurar pela verdade, e agora eu estou fazendo isso. A vida pode ser bem louca as vezes, mas há luz no fim do túnel agora, e estaremos lá, no final disso. A vida é uma jornada sobre encontrar seu lugar e seu propósito, e encontrar o que significa o máximo pra você, e seguir isso com todas as suas forças. Isso é algo que eu espero que ninguém — incluindo eu mesma — perca de vista.

Confira os scans da revista (clique par ampliar):

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