O portal britânico Independent, publicou no dia de ontem (01) uma matéria com trechos de uma entrevista realizada com a vocalista Hayley Williams, para divulgar o mais novo podcast liderado por ela no portal de rádio e TV BBC, chamado “Everything is Emo“.

Na matéria, Hayley Williams debate sobre a cena emo e suas mudanças, acusações de plágio relacionadas ao seu trabalho em Petals for Armor e ao trabalho da cantora Olivia Rodrigo em “Good 4 u”, a participação ativa da comunidade negra no fandom da banda, e muito mais.

Você pode conferir a tradução completa a seguir:

Se alguém sabe o quanto a música emo atravessa gerações, é Hayley Williams. A cantora está na linha de frente da cena desde 2004, quando ela tinha 15 anos, tocando com sua banda Paramore, e mais recentemente como uma artista solo. Semana passada ela se juntou com a cantora da Geração-Z, Billie Eilish, no festival Coachella para fazer um dueto acústico da música “Misery Bussiness” do Paramore, que foi a canção que os lançou para o mundo.
Com os limites do Pop e do Rock se esvaindo e com a volta da moda dos anos 2000, fazia muito sentido que a estrela americana lançasse um podcast dedicado ao emo, passado e presente. “Tem tanta frustração no ar agora,” ela diz,  “e eu acho que algumas pessoas estão querendo voltar ao que parecia ser uma época mais simples.”.

Hayley, 34, está falando de Los Angeles, onde ela está gravando o sexto álbum do Paramore, o primeiro em cinco anos. Houveram términos, brigas e processos no caminho, mas eles parecem uma banda renovada, e Hayley está em um bom espírito.
É cedo para ela, que segura um copo de café como uma arma, como se uma manhã de produtividade dependesse disso. A última vez que ela esteve na mídia foi com seu álbum solo em 2020, Petals for Armor, entrevistas nas quais ela entrou nos tópicos de traições, casamento, depressão e divórcio. Surpreendentemente, ela não está num humor cauteloso hoje também: “Eu não dou entrevistas há um tempo, então eu estou animada!”.

Sua honestidade é o que faz de Hayley não só uma das melhores mulheres da linha de frente da última década, mas também uma host de podcast fantástica. “Everything is Emo”, lançada na BBC Sounds essa semana, guia os ouvintes em primeira mão pelas anedotas sobre sua carreira e bandas favoritas.
No primeiro episódio nós escutamos seus pensamentos sobre a franquia Crepúsculo (“Decode”, música do Paramore, está na trilha sonora do filme.) e como ela pensa que esse foi o maior momento do emo na mídia convencional.
Toda geração tem sua visão do emo, o estilo de rock emocional que surgiu nos Estados Unidos no meio da década de 80 como uma reação ao super-macho e violento, harcore punk. Esteve na boca de todo mundo nos anos 2000, quando bandas como My Chemical Romance, Fall Out Boy e Paramore se tornaram fenômenos globais, com seu som misturando pop-punk e rock alternativo. Mais recentemente rappers como Lil Peep, XXXTentacion e Juice Wrld estão entre esses que são creditados como os criadores do movimento emo-rap.

Tudo é Emo vem com uma pegada impressionista ao gênero e está a par de novas bandas como Wet Leg e outras que, as vezes, estão associadas ao indie-rock, como o Yeah Yeah Yeahs. “Se você quiser ser técnico,” diz Hayley, emo são “derivações de post-hardcore mais emocional de bandas como Rites of Spring e outras de meados dos anos 80 da cena de Washington, DC”.
Mas como o título do podcast sugere, Hayley vê o emo mais como um estado de espírito. Você só precisa olhar para as paradas musicais para ver como os elementos estão sendo reutilizados pela nova geração: a melodia animada do novo single da Willow Smith “Transparentsoul”, por exemplo, ou como Machine Gun Kelly e Yungblud se vestem, como se tivessem ido fazer compras em um brechó dos anos 2000. “Nós fomos capazes de colocar tanta energia e juventude pura, em uma cápsula do tempo que a nova geração está entrando junto,” diz Hayley.

Entretanto, esse “entrando junto” é uma corda bamba. Ano passado, o Paramore foi levado a debate quanto ao direitos autorais do hit “Good 4 u” da mais nova estrela do pop Olivia Rodrigo. Os fãs rapidamente perceberam a semelhança com a música “Misery Business”. Logo depois, a banda recebeu os créditos pela composição e Hayley Williams postou um TikTok triunfante sobre a sua editora estar realmente muito feliz com isso.
Mas, hoje, ela faz uma reflexão ponderada sobre a controvérsia de notar as suas próprias influências: “Tudo que eu sempre quis foi escrever uma música como ‘Dreaming’, da banda Blondie.” Ela mesma já foi “acusada de copiar os conceitos de alguns vídeos que eu fiz para o Petals for Armor e eu fiquei surpreendida,” ela continua. “Eu queria que eu tivesse uma resposta melhor, mas eu espero que isso não sufoque a criatividade das pessoas… Obviamente nós vamos ouvir algo que vai nos lembrar de alguma outra coisa, mas o que é interessante pra mim é que as pessoas continuam encontrando formas originais de dizer coisas e fazer sons.”.

Apesar de ter estado sob os holofotes do público desde que era adolescente, Hayley Williams levou um certo tempo para encontrar a sua voz. Ela nasceu no Mississippi, depois cresceu no Tennessee, e fechou contrato para trabalhar como uma artista solo em uma grande gravadora, que, na realidade, queria que ela fosse uma artista pop. Ela recusou e insistiu para que a gravadora fechasse com a sua banda, com quem ela queria compor suas próprias músicas. Depois de quatro álbums e várias mudanças na formação, Hayley fez o seu álbum solo, que prestou tributo à sua adolescência como uma princessa da cena punk-rock e a alavancou pro alto das paradas pop. Emo e pop-punk sempre foram mundos onde existem regras muito estritas, mas a vocalista nunca pareceu se importar muito.

“Eu sempre tive essa ‘culpa pop-punk'”, ela diz hoje. “Caso eu quisesse vestir algo que eu curtisse, ao invés de roupas de caridade ou tênis velhos.”. Interessantemente, no início da sua carreira fizeram com que a vocalista sentisse vergonha das suas habilidades vocais, que hoje são sua marca registrada. Em uma das primeiras entrevistas da banda, um reporter questionou a sua credibilidade. “Me disseram, ‘você canta muito bem e isso não têm muito a ver com a cena punk,’ eu fiquei confusa, porque… eu deveria cantar mal? Eu cresci na igreja, ouvindo música gospel. Eu sempre amei cantores maravilhosos e eu queria repetir isso.”.

Ainda bem que as coisas mudaram. A nova geração de fãs não se prende tanto em moldes: eles rasgam tudo e começam de novo. Williams diz que ela se inspira neles de outra forma também. “As redes sociais são uma b*sta, mas eu realmente acho que é interessante presenciar o quão emocionalmente cientes as pessoas estão desde muito jovens, mais jovens do que a geração do Paramore,” ela diz.

As redes sociais também revelaram de alguma forma uma faceta surpreendente dos fãs do Paramore – a legião de fãs da comunidade negra pelo mundo todo. “Eu não tinha ideia até que eu vi os tweets e posts de todas essas pessoas, e é uma honra,” ela diz. Offline, a cena emo é arrogante e predominantemente branca, o que é o completo oposto do ambiente em que ela cresceu no extremo sul dos Estados Unidos. “A falta de diversidade não foi muito percebida na época, mas houveram momentos em que eu pensava, ‘é, o mundo não se parece nada com isso e nós estamos definitivamente em uma bolha,’” ela diz.

Mas o aumento da diversidade é a maior mudança que ela vem percebendo dentro da cena emo e alternativa nos últimos anos, com muito mais representatividade no palco e na plateia e com bandas como Bartees Strange, Big Joanie, Nova Twins and Meet Me @ the Altar tomando conta de tudo. Para Williams, ela diz que sempre existiu algo na música deles que faz apelo à minorias, mesmo que não seja tão escancarado. “Subconscientemente pra nós, eu sei que existe uma mensagem nas nossas músicas que os nossos shows são um espaço aberto pra todo mundo de sentir bem-vindo.”.

Essa é uma das razões pelas quais o Paramore continua a ser relevante, mesmo depois de 20 anos de carreira. E porque Hayley Williams é a mulher adulta perfeita agora, passando suas pérolas de sabedoria para a próxima geração. Ela toma sua posição como modelo muito a sério. “Eu acho que é incrível como qualquer pessoa olha pra mim e diz, ‘você me inspirou a encontrar o meu poder’,” ela diz. O que ela diria pra sua eu de 18 anos? “Eu diria, ‘desculpa por fazer você se sentir como se você tivesse que se diminuir pra caber nos espaços’,” ela diz. Agora, claro, ela é maior do que nunca.

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