A empresária de Hayley Williams, Leah Hodgkiss, foi eleita pela Billboard como a Executiva da Semana devido ao sucesso de lançamento das 17 faixas de Hayley. Em uma das maiores “jogadas” de marketing dos últimos anos, Hayley atraiu atenção para suas músicas com um processo de lançamento totalmente diferenciado.

Recentemente, ela pediu para que fãs organizem suas músicas, que foram lançadas sem ordem, para que possa escolher uma tracklist que será usada no álbum oficial – estratégia que fez com que os fãs criassem playlists em plataformas de streaming, gerando engajamento para todos os singles. A vocalista ganhou mais de 1,4 milhões de ouvintes mensais no Spotify desde o lançamento das faixas.

Na entrevista para a Billboard, Leah revelou todos os detalhes por trás da execução do álbum; confira a tradução:

No dia 28 de julho, Hayley Williams, vocalista do Paramore, lançou uma nova cor de tinta de cabelo por meio de sua marca, Good Dye Young, permitindo que 2.000 fãs adquirissem a edição limitada do novo produto. Mas, ao fazê-lo, eles se depararam com algo inesperado: um código, que eram incentivados a compartilhar, e que desbloqueava 17 novas faixas enviadas para o site de Williams, espalhadas aleatoriamente pela página. Dois dias depois, as músicas desapareceram – apenas para, em seguida, serem disponibilizadas nas plataformas de streaming – não como um álbum completo, mas como 17 singles individuais, cada um lançado separadamente com sua própria arte de capa.

A coletânea de músicas – que os fãs têm chamado de Ego, nome da cor da tinta – representa o primeiro trabalho solo de Williams desde 2021. Os fãs têm se divertido com o lançamento, criando suas próprias playlists e misturando as ordens das faixas, produzindo suas próprias artes de capa e muito mais, com Williams convidando-os a participar do processo criativo junto com ela. A estratégia de lançamento, um tanto confusa, foi totalmente intencional, gerando interesse de fãs, da imprensa e da indústria para o primeiro lançamento de Williams como artista independente após deixar a Atlantic Records – e garantindo a sua coempresária, Leah Hodgkiss, o título de Executiva da Semana da Billboard.

Hodgkiss, que gerencia Williams e o Paramore ao lado do coempresário Mark Mercado, e que também trabalha com Rico Nasty e The Linda Lindas, esteve fortemente envolvida tanto no lançamento da campanha de marketing quanto na criação de seu empreendimento independente – apropriadamente intitulado Post Atlantic – que está sendo distribuído pela Secretly. Aqui, ela fala sobre o conceito criativo por trás do lançamento, a decisão intencional de não rotular ou embalar os singles como um álbum e por que os fãs foram tão centrais para a campanha desde o início. “Você precisa saber para quem está fazendo o marketing”, diz Hodgkiss. “Se você só está fazendo coisas que nunca foram feitas antes, mas não sabe por que está fazendo ou para quem está fazendo, nada disso vai gerar conexão.”

Nesta semana, Hayley Williams lançou uma coletânea de 17 músicas, primeiro por meio de um código de acesso em seu site e, depois, nas plataformas de streaming, cada uma rotulada individualmente em vez de agrupada como um álbum. Qual foi a ideia por trás dessa escolha?

É uma pergunta difícil de responder, porque havia muitas ideias envolvidas. Mas a que sempre voltávamos era a vontade de tornar a música algo tangível novamente. Hoje em dia, tudo parece muito passivo, para o bem ou para o mal. Existem tantas playlists incrivelmente bem curadas no Spotify, na Apple e em outras plataformas, que é muito fácil abrir o seu DSP favorito, clicar em “shuffle” e nem prestar atenção ao que está ouvindo.

Começamos tentando responder a essa questão: como tornar a música uma experiência novamente? Como fazer as pessoas interagirem com a música sem ser simplesmente clicando no botão verde de “play” no Spotify? Hayley, eu e [o cofundador/dono da Fly South e coempresário de Williams] Mark Mercado passamos muitos dias debatendo para tentar chegar a essa resposta. Qual é o nível certo de “irritante”?

Acho que, para um fã casual da Hayley, nós fomos muito além com esse lançamento. Mas sabíamos desde o início que ele não era para o fã casual. Era muito importante para a Hayley se reconectar com a base mais fiel de fãs. Então, esse lançamento foi pensado para eles.

Há um motivo específico para essas músicas serem tratadas como singles individuais, em vez de um álbum completo?

A resposta curta é que Hayley começou a compor essas músicas no início do ano, e elas simplesmente jorraram dela. Houve dias em que ela nos enviava duas músicas numa única tarde. Por isso, acho que essa coletânea meio que se escreveu sozinha, antes mesmo de qualquer um de nós perceber que ela estava criando um “álbum”. E, em vez de passar meses e meses com essas músicas prontas, cuidando da curadoria da tracklist, do vinil, escolhendo os singles etc., Hayley disse: “E se eu simplesmente lançasse todas como singles, no mesmo dia?”.

Quais foram todos os aspectos envolvidos na execução desse lançamento?

Muita coisa. Hayley e seu melhor amigo/braço direito, Brian O’Connor, cofundaram a Good Dye Young [GDY] há quase uma década. Sabíamos que a GDY planejava lançar uma edição limitada da nova cor de cabelo da Hayley no início do terceiro trimestre de 2025, e também sabíamos que Hayley estava compondo esse lote incrível de músicas. Tivemos, desde cedo, a ideia de tornar os dois lançamentos sinônimos. Achamos que seria uma experiência muito legal para os fãs correrem para comprar uma caixa assinada da nova tintura de cabelo da Hayley, já que era extremamente limitada, e então… espera… “O que é esse código?”

Foi, propositalmente, um segredo mal guardado, pois incentivamos os fãs, na página de acesso, a compartilharem o código com amigos. Queríamos envolver muito mais do que apenas os 2.000 compradores da tinta. Jordan Short, do LUUM Studio, nosso diretor criativo, foi fundamental para garantir que isso não apenas tivesse a aparência perfeita, mas também funcionasse sem falhas.

Outro componente crucial desse lançamento foi todo o trabalho brilhante da nossa publicista, Meg Helsel, da Grandstand. Não sei se você imagina o quão difícil é divulgar, em um press release, o lançamento de 17 singles, no mesmo dia, que não formam um álbum, sem ordem de faixas definida… mas talvez com uma, quem sabe. Hayley sempre teve uma visão muito clara de como queria que esse lançamento fosse tratado na imprensa. Ela não queria fazer nada do que se esperaria dela. Então, sua música foi lançada online… e ela fez um sanduíche com Aimee France*. E acho que isso gerou muito mais conversa do que uma entrevista tradicional geraria. A estratégia foi não apenas extremamente intencional, mas também muito autêntica para Hayley.

Este é o primeiro conjunto de material solo dela desde 2021 e o primeiro desde que deixou a Atlantic Records. O que esse novo período como artista independente representa para ela?

Esta fase tem sido marcada, de forma muito intensa, pela liberdade de escolha. Pode soar clichê, mas tem sido, de fato, uma retomada de si mesma para Hayley. Ela tem controle sobre quem faz parte de sua equipe, sobre a estratégia de lançamento, sobre suas escolhas musicais, sobre como o trabalho será divulgado – enfim, sobre todo o “quando, onde, o quê e por quê” pela primeira vez em mais de 20 anos. Não tem sido apenas revigorante, mas também inspirador de testemunhar. Ela voltou a se divertir.

E como você avalia a resposta dos fãs ao lançamento?

É inacreditável. Vou destacar aqui um comentário de um fã, que acabei de compartilhar em um dos nossos grupos de conversa, pois ele resume exatamente o que todos nós estamos sentindo:

“Sou só eu ou este é o momento mais criativo que o fandom do Paramore já viveu? Tenho visto tanta arte e outras coisas incríveis ultimamente.”

Acho que a decisão da Hayley de envolver e dar poder aos fãs para criarem algo junto com ela foi a melhor e mais inteligente que tomamos, pois realmente se trata de uma experiência contínua e ativa. Vemos isso em todas as artes, nas interações online e nas listas de faixas que ouvimos. E isso é só o começo – ainda há muito mais por vir.

O que você aprendeu trabalhando nesse projeto que pode aplicar em outras áreas do seu trabalho e carreira?

Duas coisas me vêm à mente. Mark gerencia a Hayley e o Paramore desde 2004. Ele decidiu me trazer para a equipe de gestão no último ciclo do Paramore, This Is Why. Ele não tem sido apenas um mentor para mim, mas um verdadeiro parceiro em tudo isso. E algo que ele sempre me lembra é que há muito benefício em manter sua equipe pequena – mas você precisa de uma equipe. Você não pode fazer tudo sozinho. E, por fim, ninguém conhece melhor a própria música e sua comunidade do que o próprio artista.

*Aimee France é uma TikToker conhecida por suas receitas culinárias. No dia do lançamento das 17 faixas de Hayley, a vocalista apareceu no TikTok de Aimee fazendo um sanduíche e uma focaccia italiana; confira os vídeos e fotos abaixo:

Paramore Brasil
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