Em uma entrevista para a newsletter The Molehill, do Substack, Hayley Williams falou sobre seu amor pela cidade de Los Angeles, que recentemente sofreu com grandes queimadas, destinando os lucros dos acessos pagos da entrevista à comunidade de imigrantes da cidade*; parte da entrevista é gratuita, a outra parte deve ser comprada por meio da inscrição à newsletter The Molehill.
*Hayley também tem se expressado, via Instagram, contra as ações do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) e do governo de Donald Trump, que implementou políticas de deportação de imigrantes.
Confira abaixo a entrevista traduzida; para ajudar na arrecadação de fundos da newsletter, você pode se inscrever aqui.
Oi, Hayley! Muito obrigada por conversar comigo. Você pode nos dar uma breve linha do tempo de quando morou em Los Angeles e quanto tempo passa lá atualmente?
Morei em Los Angeles, de forma intercalada, de 2010 a 2015 e depois, novamente de forma intercalada, de 2022 a 2025.
Em qual bairro você morava durante os anos 2010?
No começo dos meus 20 anos, comprei um imóvel em West Hollywood, perto do Runyon Canyon.
O que você amava lá?
Eu adorava ir a pé até o Toi para comer Tom Kha Gai com aquele tofu extra firme super gostoso e arroz preto. Se eu tivesse sorte, conseguia uma das mesas baixinhas, sentava em uma almofada em frente a algum filme antigo que eles estavam projetando na parede. Minha casa lá foi o primeiro lar do meu cachorro Alf. Eu amava demais nossos passeios pelo bairro — sempre seguíamos o caminho que passava pela casa do filme original Halloween. Havia jasmins que floresciam à noite crescendo ao longo do lado esquerdo da casa, e uma árvore de limão fora da janela da cozinha que dava limões do tamanho de toranjas. Era como viver numa casa de seriado, idílica e aconchegante. Melrose Trading Post, Crossroads Kitchen e um filme no Arclight eram o domingo perfeito em LA pra mim em 2013.
De que cor era o seu cabelo?
Quando comprei minha casa lá, a banda estava fazendo o álbum autointitulado. Eu estava deixando crescer um undercut e as partes bem curtinhas eram loiro descolorido, e o resto, avermelhado. Naquele verão (2012), cortei franjinha curta e pintei de um laranja pálido/cor de calêndula que fazia minha pele ganhar vida. Sempre tentando alcançar de novo aquela sensação.
Que mito(s) sobre Los Angeles você acreditava antes de se mudar pra lá?
“Ninguém anda a pé em LA.”
Música favorita sobre LA e por quê?
“I Want To”, da Best Coast. Não é sobre Los Angeles, mas todo o álbum Crazy For You é essencialmente LA e realmente me leva de volta àquele momento específico da minha vida, vivendo entre palmeiras pela primeira vez.
Último lugar em LA onde você chorou?
Na 2 (a rodovia).
Se LA fosse um perfume, como seria o cheiro?
Chá de leite, jasmim, potes enormes de amostras de tintas de cabelo da Good Dye Young, que encheriam um cômodo com o cheiro de óleo essencial de bergamota, suor e palo santo.
Vamos supor que você acabou de fazer um show — onde vai comer depois?!
Por muito tempo, era no Swingers. Tenho quase certeza de que fomos ao Swingers depois do nosso primeiro Grammy. Sempre precisava pedir o shake hardcore de soja e o sanduíche de atum derretido. Você sempre encontrava amigos músicos por lá, era fofo.
Onde na cidade você pode ir para se sentir anônimo?
Sempre me senti bem anônima em LA, não sou do tipo que atrai paparazzi! Especialmente depois que consegui um lugar no lado leste. Sempre que estou por lá, ainda gosto de caminhar ao redor do reservatório com um amigo, ir a shows, comer alguma coisa em Little Tokyo, pegar a estrada até a praia… Sinto a mesma sensação de quando me mudei pra lá pela primeira vez, como se eu fosse invisível — mas de um jeito bom — e ninguém pudesse me alcançar.Melhor lugar para sentar com um caderno e escrever?
Faz muito tempo, mas às vezes imagino estar sentada na varanda dos fundos da minha primeira casa lá, debaixo da palmeira enorme que dominava o quintal, escrevendo enquanto o Alf procura ao redor seja lá o que ele sempre está procurando.O que significa ser punk em 2025?
É comunidade, é o poder político e social que empunhamos quando nos unimos contra forças negativas. É a sua cena local e o saber que você faz parte de algo. É defender os marginalizados. É alegria e raiva diante da opressão sistemática. É consciência, mas nunca aceitação dessa opressão.
Paramore Brasil
Facebook | Instagram | Twitter | YouTube | TikTok