Em uma roda de conversa com diversos outros compositores, Hayley Williams abriu o jogo sobre criação musical, inseguranças, colaborações inesperadas e os bastidores emocionais por trás de suas composições mais recentes. Durante a tradicional Songwriters Roundtable promovida pela The Hollywood Reporter, a vocalista do Paramore dividiu a mesa com nomes como Ed Sheeran, Ejae, Michelle Zauner, Raphael Saadiq e Shaboozey.
Você pode conferir toda a conversa pelo canal The Hollywood Reporter, no YouTube.
A seguir, reunimos os principais destaques das falas de Hayley, traduzidos e contextualizados:
Com que frequência vocês acham que têm um hit hoje em dia? Quando foi a última vez que vocês pensaram isso — e estavam certos?
ED SHEERAN — Acho que é 50/50. A maioria das músicas que eu acabo lançando, eu gosto. E quando eu as faço, penso: “Isso pode ser um hit”, mas eu não sei. Fiquei bastante surpreso. A música mais popular do meu set atualmente é uma que fiz para Pokémon há quatro anos — que não foi um hit na época — e que, sem eu saber, se tornou um sucesso no rádio da Europa Central.
HAYLEY WILLIAMS — O que fez isso acontecer?
SHEERAN — Não sei. É a música que toca no final, quando você termina o jogo de Pokémon. Ela não aconteceu na época, então nunca toquei ao vivo. E então eu estava em Madri este ano e alguém levantou uma placa dizendo: “Toque essa música.” Toquei, e foi a melhor reação da noite. Depois comecei a tocar na turnê, e agora é a melhor música do show — mas nunca foi um hit de verdade.
MICHELLE ZAUNER — Eu acho que tudo o que eu escrevo vai ser um hit, e fico profundamente decepcionada quando não é. (Risos.)
HAYLEY WILLIAMS — Eu amo isso.
“Talvez eu tinha medo de passar vergonha… mas na verdade é uma das coisas de que mais me orgulho, porque é tão puro”, diz Hayley ao lembrar das composições do primeiro disco do Paramore.
Hayley, vamos falar sobre “Open the Door”. Você claramente já tinha criado uma afinidade com David Byrne, já que trabalhou no álbum solo dele no ano passado. Conte-me sobre como foi se reunir com ele para Twits.
HAYLEY WILLIAMS — Ele já estava trabalhando na trilha sonora há um tempo, e eles queriam uma música para os créditos finais. Eu não recebo esse tipo de convite com frequência, então, pelo fato de ser uma música de créditos finais e ser o David Byrne, não tinha a menor chance de eu dizer não. Além disso, estou em um momento da vida em que penso: “Eu preciso me expor um pouco mais à pressão. Preciso, no pós-Covid, sair de casa e me colocar em situações que me façam crescer.” E eu estava apavorada. Estávamos na minha casa aqui — quando eu ainda tinha ela — e ficamos nesse pequeno estúdio no porão. O David Byrne chega, nós só tínhamos nos visto pessoalmente uma vez, e ele traz uma maleta, coloca no balcão da cozinha e diz: “Pensei que pudéssemos dividir isso 50/50.”
SHABOOZEY — O que tinha na maleta?
HAYLEY WILLIAMS — Muitos papéis. Muita papelada.
ZAUNER — Eu achei que era dinheiro.
SAADIQ — Tipo Pulp Fiction.
HAYLEY WILLIAMS — Sim, era dinheiro, ele disse: “Aqui está o adiantamento.” Nós descemos, e eu estava insegura. Ele tinha me enviado algumas músicas, e eu entendi o tom. Eu sentia que entendia muito bem a moral da história. Foi como: “Certo, já sei minha tarefa”, porque eu sabia que ficaria responsável por grande parte das letras. Ele sentou comigo no estúdio, tocou meu violão, e foi muito irado vê-lo mesmo só experimentando um pouco, tentando encontrar uma linha de guitarra ou uma mudança na progressão. O fato de que ele ficou satisfeito com o resultado — e eu pude viver essa experiência com um dos meus heróis — foi simplesmente surreal.
Esses tipos de momentos, para vocês, começam a parecer pequenos conforme vocês se tornam maiores? Ou ainda alimentam aquela criança de 12 anos que nunca imaginou fazer isso?
HAYLEY WILLIAMS — A pressão e o que acontece na minha mente podem, sinceramente, me encolher mais do que qualquer outra coisa. É por isso que continuo tentando me empurrar para lugares que não sejam apenas confortáveis. Eu amo escrever sozinha. Amo estar na minha cama. Acho que é onde escrevo melhor. Mas eu realmente acho que, quando você tem aqueles momentos em que se força a ir além, e então descobre que é seguro ali, que é bonito — e que, na verdade, você pode viver uma parte do seu sonho — é isso que me faz voltar para essas oportunidades.
SHABOOZEY — É legal ver um senso de manifestação. O David Byrne era um dos seus ídolos, e trabalhar com ele ou…
HAYLEY WILLIAMS — Stephen King.
SHABOOZEY — Stephen King… e você simplesmente se tornar uma superestrela do K-pop (olhando para EJAE). Eu sei que provavelmente existem histórias aqui na mesa, de todos nós, sobre manifestação, de pensar: “Caramba, estou realmente fazendo algo que eu queria fazer quando era criança.” É louco.
Paramore Brasil
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