Já está disponível para usuários do YouTube Premium o Afterparty com David Byrne e Hayley Williams.
A conversa descontraída entre os dois abordou desde os bastidores da preparação para a turnê, passando pelas dificuldades do bloqueio criativo, até a empolgação de descobrir novos sons e outras curiosidades!
Aqui está a tradução completa, feita pela equipe Paramore Brasil:
H: Quem faz sua jardineira jeans? Ela é muito boa!
D: É um lugar que faz mochilas e coisas. Está escrito nas costas?
H: Espere, não é!
Afterparty: Como vocês se preparam mental e emocionalmente para uma turnê?
D: Mentalmente, bom, algumas vezes é fácil. Da última vez teve um momento em que me mudei para a Broadway e eu estava aterrorizado porque aquela é uma plateia muito diferente e é um mundo muito diferente, pensei “isso pode não funcionar por lá”. Então repentinamente, umas duas semanas antes de começar a turnê, eu desenvolvi uma dor ciática e a dor era lancinante nos meus quadris e percorria toda minha perna, até meu pé estava ficando dormente, eu mal conseguia mexer minha perna mas eu conseguia ainda tocar e dançar.
H: Você ainda conseguia dançar?
D: Conseguia, se eu ficasse de pé e me mexesse. Se eu me sentasse, a pressão da cadeira no nervo conseguia ser incrivelmente dolorosa. Então em vez de ficar com essa pressão na minha cabeça, eu descontei isso no meu corpo.
H: Sim, interessante.
D: E eu pensei “Eu sei o que é isso. Tudo isso é psicológico, psicossomático. Você está fazendo isso com você mesmo, pare!”. Mas eu não conseguia (risos).
H: Isso é tão reconfortante! É verdade, eu acredito que as coisas são psicossomáticas. Você sente que o estresse que você sentiu foi relacionado à se mudar para a Broadway?
D: Sim, foi nisso que pensei. E eu tentei todos os tipos de fisioterapia, médicos esportivos, nada disso ajudou muito mas…
H: E agora quando você está se preparando, especialmente se você for fazer algo novo, você consegue captar se…
D: Se algo vai acontecer?
H: Sim, você consegue tipo perceber sua mente entrando numa espiral e como isso pode afetar o seu corpo e parar isso ou tem algo que você faz pra se preparar de um jeito diferente agora que você vivenciou aquilo?
D: Acho que eu perceberia. Se algo assim me pegar de surpresa, eu diria “Se afaste, me deixe em paz, eu tenho coisas a fazer!”
H: “Eu não vou morrer por causa de um ciático!”
D: Exato! Eu não tenho tempo pra isso.
H: Eu me sinto assim também.
D: Sim! E de outra forma, sabe, eu amo isso, eu amo cantar com todo mundo.
H: E aprender novas experiências.
D: Sim, e aprender novos passos de dança ou coisas assim. Eu amo isso, então pensei “Saia da minha vida, tenho isso aqui pra fazer!”
(Risadas)
H: É ótimo ouvir isso. Sinto as mesmas coisas, mas quando fico realmente nervosa ou tem muitas mudanças acontecendo, isso vai direto pra minha voz. Eu perco minha voz. Meu novo professor de canto, que faz terapia vocal somática, realmente me ajudou.
D: O que seria esse somático?
H: Acho que é levar em consideração tipo, é algo holístico, sabe? É entender onde a tensão vive no seu corpo e como você pode contornar isso. Muito do que fazemos enquanto cantores é que você consegue sentir a tensão das suas dobras vocais se todo o resto não estiver relaxado. Mas me movimentar é o que me ajuda.
D: Sim, se mexer mais e então as cordas vocais vão começar a relaxar.
H: Isso, e também respirar de uma certa forma. Algumas vezes eu fico andando, me mexendo ou dançando durante uma aula vocal. Ajuda bastante.
D: Eu tenho um ritual antes de todo show, de tomar um chá de gengibre. Bato o gengibre com limão, mel, cúrcuma. Tenho um pouco aqui se você quiser tomar depois.
H: Sim!
D: É ótimo para a garganta.
H: E para inflamações.
D: Sim, para inflamações e toda a questão da digestão.
H: Sim, sim, sim.
D: De toda forma… Também percebi que é um pequeno ritual antes do show, em vez de sentar lá e ficar pensando “Como vamos fazer isso hoje?” é tipo “oh, descasque o gengibre”…
H: Simmm! Meditativo.
Afterparty: Onde vocês encontram combustível criativo quando está bloqueado?
H: Essa eu gostaria de saber de você. Quando você fica preso, pra onde você vai?
D: Uau. Eu meio que aprendi a fazer pequenas anotações. Alguém diz uma frase e aí eu fico “Isso é ótimo, isso é ótimo, escreva isso, escreva isso!”. Depois eu só armazeno isso no computador ou em algum lugar. Então quando eu fico bloqueado eu vou dar uma olhada nessas coisas que eu salvei. Ver se tem algo lá, e às vezes tem.
H: Você tem tipo um arquivo escondido de anotações.
D: Sim, algumas dessas eu volto e escrevo uma letra inteira baseada nessa anotação. Outras são apenas um título, e eu fico “Onde será que isso vai dar?”.
H: Sim! Outro dia eu abri o meu aplicativo de notas só pra saber o que estava por lá e aí eu vi “Meu iPhone não vai me reconhecer se eu sorrir”. O reconhecimento facial não vai me reconhecer.
D: Isso poderia ser o começo de uma música, bem aí.
H: O que é isso? Eu tentei…
D: É como se falasse “isso só me reconhece quando eu estou infeliz”.
H: Exato! Exato!
D: “É esse quem eu sou?” Você poderia continuar com isso.
H: Bom, se você quiser pegá-la… Mas é, eu penso que sua produção criativa é tão impressionante e tão abrangente então já pensei muito sobre isso. Tipo, quais outros tipos de mídia, filmes ajudam? Ajudam a levar você a um outro lugar com sua música ou você acha que tipicamente palavras possam te ajudar a chegar nisso? Eu não sei… Às vezes isso pode ser ouvir música que não tem vocais e é apenas um pedaço bonito de algo. Mas eu me pergunto sobre outros músicos quais outras mídias acendem isso neles.
D: Eu gosto de filmes e conversar com amigos. Às vezes só de conversar com amigos, alguém diz algo. Estou tentando pensar em algo.
H: Você anda muito de bike também.
D: Sim, eu ando muito de bike. Vejo coisas e tiro algumas fotos.
H: Isso me ajuda também. Eu amo sentar num avião ou em algum lugar quando não tem mais nada pra fazer e olhar pras minhas memórias, e eu posso senti-las, sabe? Eu acho que isso pode ajudar muito. Quase que me incitam a querer lembrar. Tipo, tirar mais significado disso.
Afterparty: Como vocês encontram novas músicas? O que vocês estão explorando agora?
H: Eu tenho amigos com excelente gosto musical, fui abençoada. E eu curto o meu próprio gosto musical, mas eu passo por fases nas quais eu não vou descobrir nada novo por um bom tempo, e então de repente é como beber água de um apagador de incêndio, tem tanta coisa nova e eu meio que estou nesse momento agora, então estou curtindo esse grupo, essa rede de artistas e bandas que eu estou descobrindo agora. Acho que eu tenho curtido encontrar essas redes de pessoas, esses pequenos hubs criativos, sabe, é tipo eu e Zac temos nossos projetos, mas estamos numa banda juntos. E aquele pequeno mundo tem um monte de coisas. Acho que é assim que eu tenho descoberto coisas. Você tem escutado alguma coisa nova por agora?
D: Eu não sei, não sei. Mas se alguém menciona algo, ou então eu leio sobre algo, imediatamente eu vou pesquisar. “Dá uma olhada nisso!” “Ah essa é boa, vou salvar numa playlist!”, esse tipo de coisa. Então eu vou voltar nela. Mas pra ser honesto, eu escuto os primeiros 30 segundos e penso “Amei isso, soa muito promissor!”, então eu salvo e deixo isso lá por um tempo. Eu faço uma playlist mensal e ela tem de tudo. Então não é pra todo mundo.
H: Eu amo sua playlist. Tem muita coisa obscura lá, e um tempo atrás você postou o meu amigo Daniel, com quem eu fiz o meu novo álbum e a banda dele, Cannon Blue, estava em uma de suas playlists. Anos atrás. E você também estava animado sobre isso, você tem um gosto musical muito bom! Realmente tem!
D: Obrigado!
H: E a coisa que eu acho que ajuda mais é que no momento que você escuta algo novo, você já vai lá e salva.
D: Sim, sim! Não esqueça, porque senão você VAI esquecer.
Paramore Brasil
Facebook | Instagram | Twitter | YouTube | TikTok