Paramore foi destaque de um dos jornais mais importantes dos Estados Unidos, o Los Angeles Times. O periódico publicou uma review do show que aconteceu na última quarta-feira (18), na lendária casa de shows The Forum.

Confira abaixo a tradução da reportagem na íntegra:

É reconfortante saber que até uma banda como Paramore – com mais de dez anos de carreira e com um aclamado novo álbum que redefiniu radicalmente seu som – ainda sente as mesmas ansiedades que todos nós sentimos.

“As coisas continuam desmoronando mais rápido do que podemos consertá-las”, contou Hayley Williams a um The Forum lotado, quarta-feira à noite. “Eu estou lutando contra todo tipo de ansiedade possível. Mas, obrigada pela gentileza e a oportunidade de poder crescer junto com vocês”.

Essa é uma coisa extremamente honesta para ser dita por uma rockstar. Paramore nunca foi especialmente político em seus álbuns, mas o ato dá aos fãs a sensação de que todo mundo está, de fato, crescendo juntos e passando pelas mesmas alegrias e preocupações. E Deus sabe que essa última nós temos de sobra, atualmente.

Mas, por sorte, na quarta-feira, Paramore pegou todo esse receio sobre o futuro e o utilizou para se reinventar.

A noite começou com os shows de abertura do cantor indie Jay Som e dos veteranos, naturais de Los Angeles, Foster The People, que ajudaram a criar o ambiente para o revival dos anos 80 que o Paramore tem amplamente explorado ultimamente. Esse som dominou o álbum de 2017, ‘After ‘Laughter’, que acabou com qualquer raíz remanescente do pop-punk a favor de um funk retro-futurista.

Hoje em dia, essa não é uma mudança tão radical: bandas como Haim e The 1975 também utilizam licks rasgados de guitarra e sintetizadores. Mas, preservar um senso de empolgação sobre mudança, é o que o Paramore faz de melhor – dizendo que até as dificuldades podem aperfeiçoar e redefinir a sua identidade.

A banda já passou por tantas mudanças na sua formação, confusões românticas e crises de consciência, que até a Stevie Nicks poderia oferecer um abraço em solidariedade. Mas, todas as vezes, o Paramore saiu com um álbum novo que refletia tudo isso.

Com essas novas músicas, a banda está sobrepondo a melancolia contemporânea com uma musicalidade quente. Saem os piercings no lábio e alargadores; entram Tom Tom Club, Nile Rodgers, INXS e até um pouco de Lionel Richie.

A música de abertura, ‘Grudges’, olha para a mais recente turbulência, incluindo a saída do baixista de longo tempo, Jeremy Davis, e a volta do baterista Zac Farro (que, nessa nova era, é crucial para a mudança no swing do grupo). Alguns anos atrás, ‘Rose-Colored Boy’ e ‘Told You So’ seriam inimagináveis no repertório da banda. Agora, elas são engrenagens em uma máquina punk-funk em pleno funcionamento, que tem coragem o suficiente para fazer um cover de ‘Passionfruit’ do Drake e, também, tocar algumas baladas como ‘Misguided Ghosts’ e ’26’.

Mas, Paramore também aplicou essa sensibilidade retroativamente ao seu repertório. Favoritas dos fãs como ‘crushcrushcrush’, ‘Ignorance’ e ‘Playing God’ – construídas com grandes power chords e com a energia de adolescentes revoltados – foram repaginadas e se tornaram disco. Os refrões estavam sempre ali, mas, agora, a banda tem um som completamente novo para elas.

Isso ficou ainda mais evidente em ‘Misery Business’, o single de 2007 que fez com que a banda deixasse de ser coadjuvante na Warped Tour e se tornasse headliner de shows em grandes arenas. William compôs a canção ainda na adolescência, falando sobre a competição por um cara que ela gostaria de namorar. Desde então, seu modo de encarar relacionamentos, ciúmes e a forma com que homens e mulheres se entendem, mudou radicalmente.

“Essa música era só uma página no meu diário”, ela disse, em uma espécie de mea culpa sobre a letra impertinente da canção. “Fala sobre uma menina com quem eu briguei por causa de um cara. Meninas, não vale a pena brigar por causa de homem. Mas, nós resolvemos encarar a música de frente e aceitar que nós amadurecemos”.

Então, Paramore tocou a música e Williams permitiu que os fãs cantassem a maior parte dela, para que eles pudessem reviver as suas memórias afetivas sem precisar revisitar aqueles sentimentos imaturos e tóxicos. Foi o cenário perfeito para uma música de um lugar e de um tempo muito diferentes.

Claro, hoje em dia os integrantes da banda (e qualquer pessoa) tem um novo conjunto de coisas para se preocupar. Eles encerraram com ‘Hard Times’, um dos melhores singles new wave do álbum. Lendo no papel parece algo deprimente: “All that I want is to wake up fine / Tell me that I’m alright, that I ain’t gonna die” (“Tudo o que eu quero é acordar bem / Diga que eu estou bem, que eu não vou morrer”), Williams canta.

Mas, aqueles que pararam em algum dos bares da casa de shows devem ter percebido que um drink de vodka, cranberry e abacaxi chamado Hard Times era o especial da noite. Não se sabe se a banda concordou com isso ou não, mas é um lembrete engraçado de que até em uma fase muito ruim, sempre existe algo doce para ajudar a amenizar o sofrimento.

Confira o setlist completo:

Grudges
Still Into You
Rose-Colored Boy
That’s What You Get
Crushcrushcrush
Fake Happy
Playing God
Forgiveness
Ignorance
Pool
Passionfruit (Drake cover) [Acústico]
Misguided Ghosts (Acústico)
26 (Acústico)
Caught in the Middle
Idle Worship
No Friend
Misery Business
Ain’t It Fun
Told You So
All That Love Is (HalfNoise cover)
Hard Times

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