Devin Ingelido, membro fundador da VesraEmerge (agora Versa), postou um longo texto em um blog onde fala sobre a Fueled By Ramen Records, Paramore e Versa, sobre o tempo em que eles estavam na gravadora, e todas as questões que aconteceram na época. Leia abaixo:

Eu gostaria de começar dizendo que sou abençoado pelas coisas que aconteceram comigo e com a banda. Gostaria de falar primeiro sobre a demora de meu post. A última coisa que estou querendo criar com isso é “drama”. Drama é causado por pessoas super não-zelosas, que não têm vida, ou pessoas que têm problemas mentais, usualmente. Estou muito feliz neste ponto da vida em que estou. É maluco pensar que já fazem três anos desde a última vez em que estive performando com a VersaEmerge. Sim, o Emerge ainda existia enquanto eu estava na banda. Então, como vocês podem ver, levei um bom tempo para escrever isso. Não estou ressuscitando coisas.

Para qualquer um que me conhece ou me conhece há pelo menos 5 minutos, sabe que eu sou real, sou eu mesmo, e é isso aí. Sou uma pessoa tímida, mas tento não ser com coisas em que acredito. E é assim que serei aqui. Eu já vi alguns outros posts de ex-membros nos últimos anos e não posso dizer que eles estiveram errados em certas coisas que foram ditas, mas postar estando frustrado nunca é uma forma de esclarecer as coisas de forma válida. Mas cada um tem sua maneira de se comunicar, e tudo bem.

Comecei no Versa no início de 2008. Entrei logo que o primeiro baixista estava saindo, pois ele queria estudar. Assim que me juntei, já tínhamos algumas gravadoras nos contatando, como a Rise, Victory. Sua “gravadora dos sonhos”, por dizer, pois quando você tem uma banda de hardcore inspiradora e uma gravadora que nem eles aparece, liderando a cena com sua infinidade de bandas, é isso que acontece. É claro que, independentemente das ofertas, nunca foi algo que queríamos como banda, pois víamos que a longevidade dessas outras bandas era bem fútil e não-promissora e eles não poderiam nos levar até o nível que queríamos no cenário musical. Enquanto as negociações eram processadas, e a banda lançava o álbum Cities Built On Sand (no qual eu não estou), tenha em mente que a banda estava passando por atribulações. Nosso vocalista não queria dizer que ele não poderia mais estar na banda porque seu pai o impedia, o que foi uma droga, mas a banda seguiu em frente. Assim como você também já sabe, nosso guitarrista deixou a banda. Isso nos afetou e foi meio dramático, mas não levamos muito tempo para colocarmos nossos pés de volta no chão. Depois de muitas audições para vocalista, finalmente encontramos Sierra. Para ser honesto, maior parte da banda não gostou da ideia. Não acredito que a audição tenha sido sólida o suficiente para se tornar um “sim” para mim, mas honestamente, foi a mais original e que mostrou verdadeiro potencial vocal convincente, tudo antes de que a ideia de ter a banda se tornasse irrelevante. Então a jovem Sierra, de 16 anos, entrou para a banda. Ao mesmo tempo, escolhemos um novo guitarrista para a banda e fomos para o estúdio gravar uma canção, que na época fez algum sucesso. Agora ninguém lembra daquela droga. Acho que é engraçado para mim porque se você colocasse pra tocar uma música de nosso primeiro álbum e uma do último, soaria nada parecido. Eu entendo que as bandas amadurecem conforme o passar dos anos, mas a diferença entre os álbuns é causada, em maior parte, por causa do final da história, que é onde vamos chegar. Nesse momento, já tínhamos um agente de reservas e finalmente adquirimos um gerente de Nova Iorque. Ele realmente tinha comprado a ideia da canção, e nos dava um ótimo feedback. Tão bom, que várias gravadoras surgiram, de todos os lados.

Este… é o lugar onde as pragas começaram a se formar.
E tão louco como parece, a banda recebeu, ultimamente, de 15 a 20 ofertas de gravadoras, desde algumas sem esperança e tecnologia, até combinações de gravadoras como Sony/Virgin e por aí vai. Ah, como a vida muda. A indústria é como um jogo sugador de tempo. Eu me encontro nesses restaurantes caros e nem sequer conheço metade do cardápio, junto com esses executivos das gravadoras que não querem falar sobre nossa música, canções, arte, esperança e aspirações. Não importa o quanto eu explique, isso nunca vai lhe dar a imagem completa do mundo. Conforme o tempo passou nós começamos a discutir com qual queremos assinar. As coisas estavam começando a mudar. Também vos digo que a banda não funcionava como uma banda. O compositor era o Blake e Sierra não fazia nada além dos vocais. Nunca foi algo que eu concordei, porque sempre escrevia grande parte. Mas isso era pra ser um senso, uma parceria, ainda mais quando você escreve suas partes. Eu entendo que Blake é um grande músico e ele pode escrever e tocar vários instrumentos e estilos, mas como uma banda, escrever é algo que deve ser compartilhado. Entendo que não é todo mundo que tem dinheiro e equipamentos para gravar em casa, mas mesmo assim… Quem saberia que isso iria causar mais problemas no futuro? Finalmente, nós conhecemos o dono da Fueled By Ramen, tivemos um jantar com ele e fiquei convencido de que a gravadora era a solução perfeita. E aqui é onde tem muita especulação. Eu posso lhe dizer que assinar com a Fueled By Ramen foi um grande erro. Um acordo grande não é grande coisa se a banda não vai ser divulgada e levada pra frente. Quanto mais dinheiro a gravadora faz, mais a banda tem. Exceto quando a gravadora tem uma mão em cada parte de tudo que é feito. Sinto que a banda foi contratada apenas para não ter concorrência com o Paramore. Fomos jogados de lado. Muitas oportunidades que foram dadas à Hayley não foram dadas à Sierra. Ideias de turnês foram pensadas. E quando conseguimos sucesso no Reino Unido, parecia que nada estava sendo feito.

A princípio, nós tivemos um grande sucesso com turnês. Saímos juntos com We The Kings, Boys Like Girls, Cobra Starship, etc como atração principal no Reino Unido. Fizemos 2 anos de Warped Tour. Fomos filmados para um episódio de uma série da MTV, chamada The World Of Jenks. No entanto, o foco começou a mudar. Como eu comecei a dizer antes, nós não éramos uma banda. Membros começaram a sair. Anthony foi retirado da banda mas eu posso dizer até hoje: seu temperamento era difícil mas muitas de suas palavras eram verdade. Ele não gostava da direção que a banda estava tomando. Aí a banda começou a focar nos dois que restaram. Vai entender. Nós nem tínhamos arrumado outro guitarrista e apenas aquele restava. Tinha um pequeno desentendimento e os membros começavam a sair…

Como já disse anteriormente, eu sou uma pessoa tímida. Guardo as coisas para mim, dou o benefício da dúvida para as pessoas. Talvez você possa dizer que eu sou uma pessoa que confia facilmente nos outros. Eu sou facilmente confiável. Como todos os meus amigos estavam saindo da banda, eu sempre tive que reavaliar minha escolha em ficar nela. Minha escolha de deixar a banda foi por muito mais de uma razão. Pensei muito antes de sair. Eu tinha conhecido a garota dos meus sonhos, uma coisa que nunca pensei que iria acontecer tão cedo e eu sou muito grato por isso. E nós fizemos na época um de nossos dois garotos. E eu também sou muito grato por isso. Ele precisava de um pai em sua vida. E fiquei 3 meses fora sem estar com ele. Teria sido diferente se eu tivesse sendo pago o suficiente para sustentar minha família. E foi isso que eu pedi muito. Vocês me perguntam se eu teria continuado na banda se tivesse um aumento. E a resposta é: “Sim, eu seguiria um pouco mais em turnê.” Mas o fato de eu precisar de dinheiro e ter me tornado pai não foram as únicas razões. E deixe-me esclarecer que o dinheiro estava lá apenas para o primeiro EP que lançamos com a FBR. 13 mil dólares. Quando você tem 21 anos, isso é bastante dinheiro. Mas depois disso, eu estava implorando por mil dólares por mês para pagar meu aluguel. Nós conseguimos isso passando a maioria dos dias na estrada. Mas sempre temos outros gastos. Até hoje eu nunca fui pago por direitos autorais em algum álbum. Nossa discografia vendeu de 30 a 50 mil cópias. iTunes e por aí vai. Mesmo antes de sair, eu estava mandando um acordo de demissão. Feito isso eu nunca poderia dizer que fiz parte da banda VersaEmerge. Que eu nunca iria receber direitos autorais, a propaganda que eles vendiam com meu rosto junto. Essa era pra ser a banda que eu viajei com meus melhores amigos. A banda que “entendeu” que eu tinha que estar com minha família. Os dois eram sempre levados para escrever, pediam para fazer entrevistas apenas com os dois. E só por ter uma vocalista feminina, você já sabe que o show é sobre ela. Até ano passado eu estava recebendo telefonemas dizendo que a banda estava fazendo dinheiro, por isso devia impostos.

Meus dois “amigos” não podiam ir ao meu casamento porque uma tinha aula de canto e o outro tinha que viajar com a família. Eu queria estar em uma banda. Eu queria ser ousado, novo, original. Mas essa não era a agenda que eu tinha em mente. Sim, eu poderia continuar sentado no fundo, tocando meu baixo, voltar para a van e fazer tudo de novo. Eu poderia continuar a tocar e dirigir a van de New Hampshire até minha casa, no sul da Flórida, enquanto os dois pegavam um avião pra Califórnia. Eu poderia continuar dando minhas opiniões e visões, e ser ignorado. Ao invés disso, eu quis ser um pai e um modelo para meus filhos. Para ensiná-los as belezas e os venenos do mundo. Para tomar conta da minha esposa que trabalha tão duro para criar nossos filhos e que lida com um marido que está para cima e para baixo toda hora. Eu trabalhava em dois empregos só para manter minha família erguida depois de nosso apartamento ser inundado em um acidente que não foi causado por nós. Um homem que nunca pediu um centavo a ninguém, diferente das pessoas miseráveis que não conseguiam ter sucesso numa banda. E ainda estou firme, com sonhos para gerenciar uma banda de sucesso que saiba como a indústria realmente funciona agora.

No final do dia, eu tenho amor por todos que foram mencionados nesse blog. Nós aprendemos a viver e vivemos para aprender. Isso tudo me fez tornar a pessoa que sou hoje. Eu provavelmente nunca saberei a verdadeira intenção das pessoas ou de algumas situações. Eu nunca saberei porque estava sendo manipulado ou porque estavam tirando vantagem de mim. Eu nunca terei o dinheiro que eu merecia. Mas eu terei a satisfação de saber que eu fiz a escolha certa quando saí. Porque no final do dia, algum dia, essas bandas não serão mais estilosas ou não servirão no futuro. A música está aumentando e sendo mais fabricada. E o dinheiro será dado para outra pessoa. Mas você vai ter que começar do zero e se juntar à vida real. Mas eu… eu voltei à realidade e abri um caminho para minha família.

Obrigado por ler. Me perdoem por qualquer erro gramatical ou quaisquer gírias. Eu escrevi de todo o meu coração de maneira espontânea. Eu não estava fora da banda passando por todos aqueles eventos. Esta foi apenas uma visão geral para, finalmente, tirar do meu peito e seguir com minha vida. E se alguém perguntar a história eu posso apontar aqui. Obrigado e obrigado por aqueles que sempre mantiveram contato comigo, estiveram do meu lado e abriram meus ouvidos.

Deixe sua opinião em nossos comentários!

 Facebook | Instagram | Twitter | Tumblr | Youtube

3 Replies to “Devin Ingelido, ex-VersaEmerge, abre polêmicas sobre trabalhos com Fueled By Ramen e Paramore”

  1. Se muitas oportunidades que foram dadas à Hayley não foram dadas à Sierra … n quer dizer alguma coisa? Tipo..Eu nunca ouvi flr nessa banda…mas se a FBR n deu oportunidades foi por dois motivos:
    Eles vao investir em quem tem melhor voz e vao investir em quem é mais organizado.
    Essa banda a mais desorganizada.. pra que a FBR iria investir?

  2. “Sinto que a banda foi contratada apenas para não ter concorrência com o Paramore. Fomos jogados de lado. Muitas oportunidades que foram dadas à Hayley não foram dadas à Sierra.” Sério? serio que eu li isso? na boa ‘-‘ NUNCA ouvi falar dessa bandinha, ao contrario do Paramore, que eu acabei conhecendo por CENTENAS de comentários elogiando a banda em algumas paginas de musica. Pfvr, algumas pessoas não conhecem seu lugar nesse mundão, e esse cara, é uma delas.

  3. Acompanho as bandas da Fueled By Ramen desde 2007 (ouço as novas bandas contratadas, ouço pelo menos uma vez o álbum de uma banda que lança algo e assim por diante.) Confesso que o Versa nunca me atraiu e conheço muita gente que ama as bandas da FBR e tambem não curtia a banda. O que acontecia sim era a comparação Hay e Sierra. Que por algumas vezes parecia que o que a Hay fazia e dava certo, a Sierra tentava fazer. Sei lá, as vezes passava essa impressão.
    Uma coisa que naquela época parecia e com esse texto prova, é que a banda era desorganizada, era mais para um grupo de músicos do que uma banda. Se a base não é firme, como a gravadora vai poder investir?

    Ok, que a FBR tem uma leve tendência à investir demais nas bandas que estão no top e meio que “abandonar” as outras, mas isso é mídia gente! Todos os veículos de mídia faz isso, infelizmente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *